Revoltas Liberais, Revolução Industrial. Em um contexto de transformações econômicas, políticas e sociais; num período em que o “mercado” ganha destaque por dominar as relações, o tempo, o trabalho dos indivíduos, gerando um fervilhar da sociedade, Auguste Comte propõe uma nova forma de interpretar tais fenômenos, a sociedade em transformação.
Assim, com base nas teorias baconianas e de Descartes, o pai da Sociologia expõe o denominado “positivismo”.
Para essa finalidade, realiza um breve histórico dos estágios do pensamento humano: teológico, metafísico e positivo. O teológico consiste na crença de que todos os fenômenos são produzidos por agentes sobrenaturais, buscam-se suas (dos fenômenos) causas e destinos. Além disso, seria a fase inicial da construção do conhecimento. Já o metafísico, entendido como período de transição, trata-se de um acreditar em forças abstratas inerentes aos fatos observáveis, como, por exemplo, a própria natureza. Por fim, o positivo, último estágio, almeja descobrir as leis naturais que regem os fenômenos, sem preocupar-se com as causas primeiras e finais.
Diante disso, constata a falta de estudo dos fenômenos sociais sob a ótica positiva, o qual passa a realizar, completando a filosofia positivista.
Comte, desse modo, entende a sociedade como um corpo, em que cada pessoa desempenha sua função, estabelecendo uma ordem. Tal regime é comparado à lei da gravidade de Newton: assim como o universo possui uma sincronia, o referido corpo social também deve tê-la, para, enfim, progredir. Caracteriza-se, portanto, uma sociedade saudável.
Essa sociedade saudável, por sua vez, é estratificada. Cada indivíduo, por meio de uma reforma cultural, aceita sua tarefa, seu papel, como uma “doce diversão”. Torna-se despido de ambições, diferentemente do que defendia a educação metafísica. Ademais, possui como grandes valores a solidariedade e a felicidade, as quais vinculam-se ao bem público, sobrepondo-se ao interesse pessoal.
Complementando, para, então exercerem cada função da melhor maneira, as pessoas deveriam possuir um conhecimento mais abrangente, ou seja,relacionar as demais ciências (é a chamada reforma educacional que propõe a filosofia positiva).
Todavia, quando ocorre o caos, um estado anárquico, essa harmonia e o progresso, não existem. Exemplificando, têm-se países africanos, os quais, em virtude de intensos conflitos tribais, perecem, não progridem, não recebem investimentos. Observando semelhantes situações, cabe ao sociólogo, interpretá-la e agir com o objetivo de restituir a ordem. Além dele, o profissional do Direito é também chamado a garantir essa harmonia no corpo social.
Acredita-se, portanto, ser válida a busca de uma harmonia e de um avanço sociais. Além disso, considera-se relevante a preocupação solidária, o bem comum, propostos pelo positivismo de Comte. Porém, deve haver cautela na conquista de um progresso que ultrapasse a condição humana, seus valores, e direitos individuais (antagonismo este – progresso, desumanidade - exemplificado na China). Respeitados os limites de cada um, pode-se então chegar à ordem e ao progresso sugeridos.
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