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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Prosperar ou Monopolizar

Jogos de tabuleiro tem mais a ensinar do que parece. Elizabeth Magie criou a primeira versão do jogo “Monopoly” para incitar a crítica e discussão acerca do sistema capitalista e suas consequências. A principal diferença quando comparado com o jogo distribuído atualmente pelas grandes empresas do entretenimento infantil está no fato de que o primeiro vinha acompanhado de dois conjuntos de regras distintos: o primeiro denominado “Prosperidade” onde a conquista de um jogador acarreta benefícios para todo o grupo, e o segundo chamado “Monopolista”, em que aquele que monopolizar toda a área do jogo ou levar seus adversários à falência vence. Como se tem o conhecimento, o jogo alcançou resultados opostos do planejado por sua criadora, além de que os créditos de criação foram atribuídos a um homem, reflexo das regras que regem a vida. A questão é que a criação de Magie diz muito mais da realidade do que pretendia em seu início, donde depreende-se algumas regras explícitas que regem a vivencia no atual sistema:
1.     Quem elabora as regras é a classe dominante. As regras, leis, emanam da vontade da classe desta, tendo que suas subalternas segui-las, uma vez que “foram elaboradas para o bem comum”. Essas, colocam cada componente da sociedade no devido lugar, de acordo com o julgamento da classe dominante, de maneira que não atrapalhem o andamento da ordem. Os “dados” não são jogados da mesma forma para todos os jogadores, obviamente, há liberdade mas falta igualdade.
2.     O agente movente do jogo é a luta entre classes. Aqueles que detêm os meios de produção do capital tem poder sobre os demais, o operariado depende das ações burguesas, porém essas só funcionam com o trabalho daqueles. Opressores e oprimidos vivem em constante guerra, a qual só tem fim com uma revolução de toda a sociedade ou com a destruição de ambas classes.
3.     A maior parte dos resultados obtidos pelo trabalhador é direcionado ao dono dos meio de produção. Além da produção alienante, onde o trabalhador não enxerga sua obra no produto final e, muitas vezes, é incapaz de adquiri-la, a maior parte dos lucros vão para seu empregador. O montante do lucro do capitalista pode ser ajustado de acordo com a ação de leis trabalhistas, porém para essas serem conquistadas depende do operariado se unir e clamar por elas.
4.     Vence o jogo quem conquistar mais riquezas individuais. Porém a ganancia e exploração inata do capitalismo é claramente infinita, gerando uma sociedade cada vez mais fundada na desigualdade e exploração da força de trabalho do operariado. Não tendo um final certo, este será dado pela sobreposição de uma nova realidade à atual, resultante de uma síntese marxista.


Após feito um apanhado geral de algumas regras que regem o atual contexto sócio-político, fica claro que é uma pequena parcela da população que realmente está apta a vencer esse jogo. Mas sempre há um outro conjunto de regras possível, uma realidade alternativa à vigente, uma ordem guiada pela “Prosperidade”, deixando a “Monopolista” de lado, derrubando-a. Há quem diga que essa realidade é utópica, não é natural ao homem, uma vez que já foi testada e não vingou, porém a dialética é constante, teses e antíteses são confrontadas a cada contrato trabalhista assinado, o que não se pode deixar acontecer é a síntese ser moldada pelos anseios capitalistas individualizantes.
Felipe Cardoso Scandiuzzi - 1ª ano - Direito Matutino






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