É do conhecimento do senso comum que
a educação é um problema latente no Brasil, contudo pouco se fala de como
algumas Universidades com fins lucrativos alienam seus alunos com a simples
finalidade de acúmulo de capital.
Em 2014, a empresa que mais recebeu
dinheiro do governo foi a Kroton Educacional S.A., maior empresa de ensino
privado do mundo, com cerca de 1 milhão de alunos distribuídos entre a
Anhanguera, LFG, Unic, Unime, Uniderp. O crescimento dessa Instituição deu-se
principalmente pela exploração da falta de controle do FIES: “Em 2016, a
receita liquida somou R$ 5,24 bilhões”- (Valor Econômico, 22 de Março de 2017),
o que representa quase 1 bilhão a mais do que a somatória de todos os gastos de água, energia e segurança das
Universidades Federais do Brasil em 2017, como mostra notícia da Gazeta do povo
em 13 de agosto de 2017.Por essa análise, a grande questão é que tal cenário
objetiva somente o lucro e, portanto, cria mecanismos de barateamento da
graduação para a Instituição, como disciplinas à distância, enquanto os alunos
não tem acesso à qualidade de ensino merecida.
Tendo em vista tal problemática,
tomamos a visão de Marx sobre o Materialismo Histórico como base para discutir
como esse tipo de ensino é um meio alienador e intensificador das
desigualdades.
Em primeiro lugar, é fundamental
entender como conceito de “classes sociais” aqueles
indivíduos que possuem mesma situação econômica e o mesmo acesso aos meios de produção,
sendo estes relacionados às formas de criação dos bens de consumo que existem
em uma sociedade. Pensando nisso, a importância dada por Marx a esse quesito
justifica-se, segundo a sua teoria, pelo impacto que a situação econômica de um
sujeito tem em sua trajetória de formação. Pois, é inegável que aqueles que
possuem maior condição econômica também possuem maior número de oportunidades
de manter-se em melhor condição material. Já aqueles desprovidos das mesmas
oportunidades enfrentam dificuldades superiores de ascensão na escala social.
Marx refere-se a essa condição do mundo social
humano como “concepção materialista da história”, uma perspectiva que atribui grande
peso à condição material do indivíduo nos processos que determinam os aspectos
da sua vida. Isso quer dizer que tal concepção materialista da história atribui
fenômenos sociais à condição material do sujeito, que se desdobram em várias
camadas diferentes do nosso mundo social.
Segundo
o site da revista Exame, em 18 de Janeiro de 2017, de 2010 à 2015 o lucro da Kroton
cresceu 22.130%. Sendo assim, paralelo visão de Marx, Universidades que
enxergam seus alunos como clientes e não retornam o ensino adequado para sua
inserção e ascendência socioeconômica não exercem sua função de minimizar as
desigualdades, promovendo uma eterna luta de classes e institucionalizando a “violência”.
Acrescenta-se, por fim, que para os
materialistas, está nesse cenário a função das cotas socioeconômicas, a fim de
garantir educação de qualidade de forma gratuita para que funcione, na prática,
o princípio da Isonomia. Isso porque, há um desnivelamento real entre a rede de
ensino publica e privada, não proporcionando as mesmas bases para uma concorrência
justa. Diante disso, segundo Marx, não seriam os valores ou as ideias que
motivariam as mudanças sociais de nosso mundo, mas sim a situação das classes
dessa sociedade, criando-se assim mecanismos que supram a desigualdade e proporcionem
o acesso a um Ensino Superior que lhes permitam crescer, sem ser preciso estar
à mercê da exploração e alienação, apenas como fator de enriquecimento de uma
minoria.
Giovanna Menato Pasquini, 1º Direito, Matutino.
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