Boaventura de Sousa Santos discute em seu texto “poderá o
direito ser emancipatório?” a crise causada pelo capitalismo, a qual fez surgir
o fascismo social, em que os valores do mercado passaram a ser os valores de
todas as esferas e passaram a ser o poder e o saber.
Como uma das formas desse fascismo social, existe o fascismo
do apartheid social, em que há uma separação entre aqueles que estão na “zona
civilizada” e aqueles que estão na “zona selvagem”.
Além disso, esse fascismo social, segundo Boaventura,
estratifica a sociedade civil em três: a sociedade civil intima
(hiper-inclusão), a sociedade civil estranha (inclusão parcial) e sociedade
civil incivil (totalmente excluídos).
É sabido que o Brasil possui uma grande dívida histórica com
os negros. Estes, para muitas pessoas, estão incluídas na “zona selvagem” da
sociedade. Em decorrência disso, a maioria dos negros estão incluídos na
sociedade civil estranha, em que não existe uma inclusão em setores de extrema
importância para o desenvolvimento e sobrevivência do ser humano. Isso porque os fatos ocorridos no passado
refletem até hoje em parte da sociedade que é negra.
As cotas raciais
foram usadas em forma ações afirmativas que visam diminuir a desigualdade
existente. Claro, as cotas raciais por serem ações afirmativas não surgem como
uma forma definitiva para sanar este problema, mas sim como um meio para chegar
até lá. A universidade de Brasília (UNB) é um exemplo de universidade que
aplica as cotas raciais sem incluir a renda na seleção.
Em 2009, o DEM
(partido dos democratas) entrou na justiça com uma Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental alegando que o sistema de cotas raciais da UNB, é
inconstitucional por ofender os princípios da igualdade e da dignidade da
pessoa humana. Contudo, o Supremo Tribunal Federal negou o pedido,
argumentando que o fato é, sim, constitucional. Os argumentos dos democratas
não justificavam o cancelamento das cotas, pois, como é sabido, o preconceito
racial ainda persiste no país.
Por fim, verifica-se que com a atitude do STF, o direito
pode ser sim um instrumento de emancipação social, pois, com a ajuda de outros
meios, e com o tempo, as cotas raciais serão de extrema importância para a
inclusão dos negros em diversos setores, além de contribuir para o fim do
fascismo social.
Natalia Caetano - Direito Noturno
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