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segunda-feira, 8 de maio de 2023

Efeitos da hegemonia cultural sobre as percepções sociais de beleza

 

“Numa sociedade dominada pela produção capitalista, até o produtor não capitalista é dominado por concepções capitalistas” (Karl Marx). Desde as primeiras criações artísticas já produzidas, o homem sintetiza em sua criação as suas percepções de belo e sublime. Ao analisar este vasto conjunto de obras, é possível distinguir as alterações nos padrões de beleza ao longo do curso da história, e sob uma perspectiva materialista/marxista, determina-se os estabelecedores de tais padrões.

 A primeira representação da mulher é produzida no período Paleolítico, em uma sociedade ainda não afetada pela lógica capitalista; logo, sua percepção de beleza é um tanto diferente: quadris, seios e ventre absurdamente grandes, a fim de ressaltar a fertilidade e força da mulher-mãe. Com um salto histórico para o período Renascentista, com a percepção dominante já estabelecida, é possível notar as diferenças. Embora as representações femininas seguissem com proporções avantajadas e suavidade em suas curvas, no Renascimento a intenção é diferente; com a maioria das mulheres deitadas ou em posição de descanso, a finalidade é ressaltar seus diferenciadores sociais: a ampla disponibilidade de alimentos representada em suas curvas, e a possibilidade de descanso enfatizada em suas posições.

 Na atualidade, a beleza é encarnada em mulheres de corpos esculturais, sem quaisquer sinais de envelhecimento; fatores atingíveis somente por meio de tempo dedicado apenas ao corpo, e/ou intervenções médicas (ambos acessíveis apenas a um pequeno grupo).

 Sob a ótica materialista de Marx, tais reflexões servem como base para complementar o aspecto mais eficaz da dominação capitalista: a hegemonia ideológica. Ao afetar o proletariado de forma tão intrínseca, modificando suas percepções pessoais sobre o mundo e seu funcionamento, o trabalhador aceita como natural a estrutura já estabelecida pela classe dominante, assim como as suas repercussões culturais e de pensamento; tentando sempre atingir um padrão determinado por uma classe à qual não pertence. 

Kauê L. Novais – 1° Ano Direito (Noturno).

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