Um dos fenômenos que podem ser vistos tanto em nossa sociedade, como no mundo todo, é por mim caracterizado como insaciabilidade. Somos criados e incentivados a crer que devemos trabalhar, produzir e conquistar cada dia mais, ou nos tornamos inúteis, sem valor e menosprezados. Uma conquista nunca é permanentemente satisfatória, pois sempre há uma melhor, uma maior. Um trabalho nunca é bom, pois sempre há um mais valorizado, um que paga melhor. O descanso nunca é produzido, pois sempre poderíamos estar produzindo mais, tanto para nós mesmos como para os outros. Vivemos em um mundo cada vez mais acelerado em que a produção tóxica e insaciável é sempre priorizada em detrimento do descanso, tempo de qualidade e saúde mental.
Vivemos em um mundo em que até mesmo crianças são diagnosticadas, a níveis alarmantes, com síndrome de ansiedade, síndrome do pânico e depressão e infelizmente, como se não fosse o suficiente, tais números crescem exponencialmente com o passar dos anos. Os índices de suicídios, auto mutilação, uso de remédios controlados e adoecimento são crescente e normalizados. Mas de onde será que vem isso? Pois digo que isso é fruto da sociedade cada vez mais acelerada e pressionada, que tende a piorar cada vez mais, adoecendo, proporcionalmente todo o coletivo em que vivemos.
O pior? Como tudo que fazemos nunca é o suficiente, como mesmo após inúmeros esforços e abdicações nós continuamos insaciáveis em nossas projeções e expectativas, NUNCA será suficiente, nunca chegaremos ao patamar em que poderemos finalmente nos regozijar com nossos feitos e conquistas, nunca poderemos parar para finalmente contemplarmos nossas próprias vidas. E quando finalmente pararmos e nossa ficha cair que nossa vida é única e nosso tempo é curto, talvez nos deparemos com o espelho e a imagem refletida esteja cheia de rugas e as marcas do tempo em nossa pele. Então assim, talvez entenderemos que nosso tempo é curto demais para sermos insaciáveis e insatisfeitos o tempo todo, e infelizmente veremos que passamos a maior parte da nossa vida transformando o tempo que poderia ser de paz em agonia e insatisfação.
Vitória
Fernandes Mazarão – 1 ano, direito noturno
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