Fetichismo e Materialismo na atualidade

  Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895) são considerados dois dos mais relevantes pensadores do século XIX, cujas ideias e valores impactaram de forma relevante a visão política, econômica e filosófica da modernidade. Considerada uma das obras mais importantes de Marx e Engels, "A Ideologia Alemã" é tida como um elemento fundamental na construção do marxismo e na crítica à filosofia idealista alemã, representada pelos "jovens hegelianos", valorizados pela intelectualidade na época. Marx e Engels afirmavam que a corrente filosófica alemã era uma forma de "ideologia", ou seja, expressava o pensamento que favorecia os interesses da classe dominante e ocultava as contradições e injustiças da sociedade capitalista, legitimando de um jeito discreto o poder das elites. Os conceitos de materialismo histórico e fetichismo da mercadoria são abordados no livro, sendo o primeiro uma afirmação de que as condições materiais determinam a organização social e favorecem as ideias da classe dominante e o segundo como uma maneira de alienação, na qual o indivíduo perde o contato com o processo real de produção e a noção de valor da mercadoria, ambas as representações podem ser notadas na atualidade.

  É possível utilizar o materialismo histórico para compreender a dinâmica das relações internacionais e da distribuição de poder no presente, observando como as potências mundiais e os blocos econômicos agem de acordo com seus objetivos financeiros e geopolíticos e não por valores universais e ideologias políticas, contrariando dessa maneira, por exemplo, o discurso dos Estados Unidos (EUA), que passa a imagem de um país preocupado com os valores democráticos e a segurança mundial, quando, na verdade, lutam por seus próprios interesses em detrimento de nações fragilizadas pela exploração capitalista e desfavorecidas na Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Já o fetichismo da mercadoria atua de forma intensa na vida cotidiana, moldando as percepções e desejos dos indivíduos que na maior parte das situações não percebem que são influenciados pelo consumismo (Alienação), sendo incentivados a comprar e acumular bens materiais, os quais irão expressar a identidade e o status social na sociedade. A publicidade e o marketing também devem ser considerados, pois são ferramentas que promovem incansavelmente a demanda por produtos (Capitalismo criando necessidades artificiais) que muitas vezes não são necessários, mas valorizados pela marca ou design e consequentemente desejados por uma parcela da população. Além disso, as redes sociais desempenham um papel de destaque na perpetuação do fetichismo, pois as mesmas são projetadas para manter os usuários engajados e viciados, gerando um ciclo infinito de consumo e criação de conteúdo, permitindo assim que a esteira capitalista de produção continue funcionando.

  Portanto, as concepções de materialismo histórico e fetichismo devem ser consideradas importantes para uma análise crítica da sociedade atual. Afinal, vivemos em um sistema capitalista baseado na exploração e acumulação de riquezas por uma minoria, a luta de classes continua existindo, mesmo que de forma diferente em relação ao passado. Os conceitos marxistas continuam relevantes e são utilizados por pensadores e movimentos sociais para combater as injustiças e desigualdades que assolam o mundo, em outras palavras, as ideias do passado ainda ecoam no presente.

Murilo Henrique de Souza Lima

1º ano de Direito - Noturno

RA: 231221941