O materialismo histórico, teoria desenvolvida por Karl Marx e Friederich Engels, prega que toda a história do homem pode ser analisada a partir das relações de trabalho e, dentro dessas relações, há sempre um confronto entre os interesses de uma classe dominante e outra classe dominada. A classe dominante, como o nome nos leva a concluir, possui o controle dos meios de produção e também de comunicação, e é a partir desse segundo que ela propaga sua ideologia com o intuito de manter o seu status quo.
No filme Cidadão Kane, de 1941, o diretor, roteirista e produtor Orson Welles (que também interpreta o personagem principal) conta a história de Charles Foster Kane, um magnata do setor de imprensa que usa do seu poder, influência e aparato para buscar o poder. A obra mostra como os veículos de comunicação de Kane são usados para disseminar ideias e promover a vontade de seu dono, o que não poderia estar em mais acordo com a sociedade.
O século XX nos mostra bem como os meios de comunicação podem ser aproveitados pela classe dominante; na Alemanha nazista, a máquina de imprensa e propaganda permitiu a propagação de sua ideologia até para países de outros continentes; na União Soviética, o mesmo aparato permitiu que o regime comunista perdurasse por décadas naquele país; e, em sua contramão, os Estados Unidos usaram desses meios para doutrinar o mundo ocidental contra seus inimigos ideológicos de forma tão ineficiente que, ainda hoje, décadas depois da dissolução da URSS, ainda se fala em “fantasma do comunismo”.
Com o início do século XXI e o advento da internet, a princípio, parecia que os meios de comunicação não seriam mais tão hegemônicos. Entretanto, essa impressão logo se provou falsa; os algoritmos trabalham para lucrar e para quem paga mais e, assim, o controle da ideologia dominante apenas muda de mãos: deixa de ser propriedade exclusiva das gigantes da imprensa e passam a ser controlada também pelas chamadas big techs.
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