A religião pode, de certa forma, ser considerada um dos fenômenos sociais mais recorrentes e duradouros da história humana. Segundo o dicionário “Oxford Languages”, esse conceito poderia ser definido como a “crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência.”. Essa crença é pautada por uma série de dogmas (conceitos inquestionáveis), que por sua vez são estabelecidos pelos mitos, histórias (majoritariamente de caráter moralizante) que estabelecem uma narrativa de ordem e o equilíbrio no aparente pandemônio da realidade.
O sociólogo Karl Marx, em sua obra “Crítica da Filosofia de Direito de Hegel”, estabelece sua opinião contrária ao conceito e presença das religiões. Para ele, estas seriam crenças alienadoras, o “ópio do povo”, que cegariam a razão individual e conservariam valores da classe dominante. Além disso, ele afirmava que algumas religiões justificariam a opressão e a desigualdade social pela submissão e a resignação às condições de vida existentes. Marx chegou a estas conclusões através da metodologia do materialismo histórico, onde a realidade social e sua história são compreendidos mediante o trabalho e a produção material dos homens. No entanto, uma análise puramente material seria suficiente para refutar
inteiramente as doutrinas religiosas?
Acredito que, em partes, sim. A existência ou não do divino é inconclusiva, pois cientificamente não é falseável, no entanto os desdobramentos de sua crença reverberam diretamente na sociedade. Além dos mecanismos mais aparentes como as instituições (igrejas, templos, etc. Estruturas coletivas, muitas vezes com um velado aspecto econômico e massificador), os mitos e dogmas são instrumentos de intervenção ainda mais prepotentes.
Metafisicamente, como explicado anteriormente, eles concedem ao indivíduo uma certeza, um embasamento e consolo existencial. No entanto, quando analisados socialmente, percebemos que também atuam como uma ferramenta de coesão social, determinando costumes, valores e obrigações que, surpreendentemente, se perpetuam discretamente em vários aspectos das nossas vidas.
Bruno Viera Salles
1° ano Matutino
RA: 231224885
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