Do que se trata o progresso?
Do que vale a ordem?
Quando as ruas se enchem de sangue e terror,
do que vale qualquer coisa
Esse é o bem de todos? Tem certeza?
Porque ouço todos os dias os gritos dos meu vizinhos
O choro das mães que perderam seus filhos
A agonia dos que entraram num carro e não voltaram
Ouvi Caetano dizer que é proibido proibir
Ouvi Vandré cantar sobre viver sem razão
Ouvi Chico temer da dura que vinha numa estranha viatura
Por que tanto medo onde se diz ter salvação?
Não me pinto de amarelo e verde
me pinto de dor, me pinto de sangue
Me pinto dos gritos abafados e das mentiras
Me cubro com o manto da alucinação que jurava pregar a união
Acorda amor, eu tive um pesadelo agora,
meu governo fingia se importar e matava gente a fora
Me pediam para exaltar meu país acima de mim mesmo
e acabei sozinho, numa cela fria e preso
(mandaram um recado dizendo a irrealidade,
que eu me matei num surto de vaidade
Minha família nunca acreditou,
mas dessa ditadura, nem meu próprio corpo me restou)
Vitória Santos da Silva, 1º ano Noturno
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