1964, o início de um período de opressão, em que a tortura, as prisões, as perseguições e assassinatos foram claramente consolidados pelos militares, que se utilizavam da prerrogativa de combater o comunismo que pairava sobre o país para justificar seus atos. Desse modo, assim como o positivismo de Comte, o qual preconizava o amor à nação, os opressores se baseavam em tal validação para cometer atrocidades contra aqueles que lutavam por seus direitos. Nesse sentido, para o governo, a tortura não era entendida como instrumento policial e de repressão, mas como uma “técnica de governabilidade”.
"Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão."
(Para não dizer que não falei de flores- Geraldo Vandré)
Diante disso, é questionado: como, mesmo diante de uma política interna opressora, o Brasil se tornou membro da Comissão de Direitos Humanos na ONU? Tal dúvida paira, pois é insustentável o discurso de que é possível consolidar uma política interna autoritária, e externa progressista. Nesse viés, em razão dessa dicotomia, o Estado se fortalece, uma vez que adquire a prerrogativa de usar a violência em prol do bem-estar social.
Ademais, apesar de representar o "fim da ditadura", a Lei da Anistia- que surgiu a partir de um movimento feminista objetivando a bandeira de anistia para seus pais, companheiros e filhos- foi incorporada e desconfigurada pelo Estado, a fim de suprir os próprios interesses- a institucionalização da impunidade. Sob essa perspectiva, no contexto atual, a personificação da ausência do esclarecimento do que ocorreu na ditadura contribui para a perpetuação de discursos extremistas e autoritários no país.
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