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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Fato e a Solidariedade Para o Organismo Social

 

O Fato e a Solidariedade Para o Organismo Social

     No mundo contemporâneo, as pessoas vivem segundo regras. Essas regras podem ser tanto positivadas, como legislações, ou no imaginário e no ser popular, como crenças e costumes. Um indivíduo não pode roubar: se o fizer, segundo a lei, sofrerá sanções o transgressor, e a vítima terá seu objeto restituído ou alguma compensação. Dessa forma, nota-se que a sociedade contemporânea busca impedir qualquer ato que possa causar – ou cause – uma destruição do funcionamento contínuo e “normal” da sociedade. Não só se pune o transgressor da norma, como também se restitui o “algo perdido”, ou seja, se faz com que o momento de ordem vivido anteriormente pela sociedade volte ao estado em que se encontrava – de “paz”, harmonia, de correto funcionamento segundo os padrões sociais. Não pode, também, um indivíduo de certa religião agir contrariamente aos padrões estabelecidos por ela: se assim o fizer, sua vida cotidiana se tornará muito difícil, já que ele sofrerá consequências por desviar do “normal funcionamento” dessa sociedade, tornando-se, desse modo, algo não pertencente ao social. Assim, percebe-se que essas regras, positivadas ou não, se tratam de fatos sociais, já que são exteriores ao indivíduo – antes mesmo da pessoa nascer, instituições que determinam seu modo de viver já existem -, gerais – todos os “socialmente corretos” seguem e obedecem os fatos – e coercitivos – o indivíduo pode até desviar das normas estabelecidas pelo fato social, porém, ao fazê-lo, sofre tantas sanções ou dificuldades em sua vida que é levado a agir de forma concordante aos fatos. Vários são os exemplos de ocorrências desse tipo na sociedade brasileira, como o caso de Geisy Arruda: ao comparecer a faculdade em que estudava vestindo uma mini saia, foi hostilizada por quase que o edifício inteiro – inclusive por professores -, o que mostra que, ao desviar da conduta considerada correta nas mentes das pessoas daquela faculdade, Geisy foi de encontro a um fato social, o que causou um estado de anomia naquele espaço, levando assim a aqueles atos absurdos de hostilização contra a, na época, estudante.                                                  

     Um fato importante de salientar-se nesse acontecimento foi o de que, mesmo as pessoas que não compartilhavam do sentimento de ódio a Geisy Arruda por vestir aquela vestimenta na faculdade, deixaram-se levar pelo sentimento da multidão, do grupo, e acabaram agindo da mesma forma. Isso mostra que o ser humano, justamente por ser um ser social, tem a necessidade de fazer parte da sociedade – no caso, aqueles que não compartilhavam o sentimento de raiva, por estarem em minoria, sentiram-se excluídos do grupo e, assim, começaram a agir da mesma forma odiosa que a maioria, a fim de “socializar-se” – por mais absurda que a socialização nesse caso seja - com os demais.

     Também, a partir desse fato, nota-se que a sociedade é, na verdade, todo um corpo social. As pessoas, para manterem o funcionamento desse corpo, agem de forma solidária, muitas vezes abdicando de seus próprios interesses – de forma consciente, individual – e fazendo sua parte na sociedade, como o correto agir em relação a conduta de um trabalhador do metrô da Cidade de São Paulo. Esse tipo de solidariedade, em que os indivíduos de forma autônoma e individual tomam iniciativas para a boa convivência social é, segundo Durkheim, a solidariedade orgânica. Exemplos dessa solidariedade orgânica no Brasil hoje em dia é o ato de as pessoas, ao saírem de casa, utilizarem as máscaras para evitar a transmissão do coronavírus, por mais que esse utilizar a máscara as cause desconforto. É claro que existem desviantes dessa norma, como o caso conhecido do desembargador em Santos, porém, como visto, a sociedade – pelo menos grande parte – voltou-se contra ele, tanto na questão da sanção legal por ele sofrida, quanto pela questão do desprezo popular a ele direcionado. Assim, no Brasil contemporâneo, as pessoas, consoante o pensamento de Émile Durkheim, seriam nada mais do que órgãos – cuja individualidade existe – trabalhando para o bom funcionamento do corpo social. Esse pensamento, independentemente de estar totalmente correto ou não, mostra como que no mundo contemporâneo as pessoas agem, influenciadas por diversos fatos sociais, para manter a sociedade em sua mais possível forma harmoniosa.

 

Vitor Nakao Tersigni – 1° Ano Direito – Período Diurno

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