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sábado, 4 de maio de 2019

Educação, Durkheim e o governo Bolsonaro

Apesar de as decisões que estão sendo tomadas no âmbito da educação terem um cunho positivista, quem realmente explica o que está ocorrendo é Durkheim, por meio de sua ideia de fato social. Para ele o papel da educação era o de construir o ser social, isso se daria pela imposição de regras, que, aos poucos, acabariam por serem interiorizadas e seguidas sem questionamento, aparentando serem naturais e existentes nas mentes de todos.
Isso explica a perseguição incansável do governo bolsonarista à dita "doutrinação comunista" na educação brasileira, invadindo universidade e retirando o professor da sala de aula por afirmar que ele estaria "esquerdizando" os alunos, vincular a ideia de universitários a "balburdia e gente pelada", realizar cortes de verbas para universidades federais, incitar alunos a filmarem qualquer professor que profira ideias contrárias às do atual governo, ou, até mesmo, ignorar a esmagadora maioria dos historiadores que afirmam que sim, houve um golpe militar e uma Ditadura Militar sanguinária.
Além de deixar de lado os reais problemas existentes na educação brasileira, como a péssima qualidade, que não se restringe apenas a escolas públicas, mas também a particulares, pelo fato de se ter um formato de ensino antiquado, não acompanhando as inovações e necessidades do século XXI, e engessado, sendo avaliado por provas que não medem conhecimento e sim elementos decorados, que falha também na preparação dos alunos para o mercado de trabalho, prova disso é o número de jovens desempregados por não terem a qualificação necessária, mesmo tendo um diploma, tenta-se implantar um ensino realmente doutrinador -algo que eles tanto reprimem- que, se basearmos pelas falas dos indivíduos que se encontram no governo, ensinaram que rosa é de menina e azul de menino, que a Ditadura Militar foi louvável, digna de aplausos, que milícias são o caminho para organizar e proteger o país, que quem recebe Bolsa Família não tem um bom desenvolvimento cognitivo, então não se deve investir na educação para esses cidadãos, que o Brasil não deve ser um país que busque a pacificação no mundo, mas sim se posicionar contra países que se digam de esquerda, que ser gay é "uma sem-vergonhice", o aquecimento global é uma mentira e a Amazônia tem que ser derrubada mesmo para se ter mais espeço para a agropecuária, filosofia e sociologia não são úteis, afinal, refletir e ser crítico não é necessário, e absurdos mais que se poderia completar páginas e páginas.
Já dizia o ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, "uma mentira dita mil vezes torna-se verdade", para crianças então, que têm um poder de absorção de informações gigantesco, essa doutrinação bolsonarista seria facilmente assimilada, resultando em uma futura população brasileira ainda mais intolerante, belicista, preconceituosa, machista, homofóbica e racista.
A visão do futuro é extremamente preocupante, e se tudo isso tornar-se um fato social, o Brasil -que já é um país atrasado- voltará a ser um país do século XIX, quiçá, um país nos moldes de países islâmicos mais fechados, com a diferença de que lá, como o fato de recentemente as mulheres poderem dirigir na Arábia Saudita, a sociedade está evoluindo, e aqui iremos regredir.

Caroline Kovalski, Direito noturno, 1° ano, 1° semestre

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