Com o objetivo de realizar uma análise científica da sociedade, Émile Durkheim se utiliza da ideia de fato social, que consiste em "todo aquele que independe do indivíduo e tem como substrato o agir do homem em sociedade, de acordo com as regras sociais", como afirma em sua obra "As regras do método sociológico". Segundo ele, o fato social caracteriza-se por ser: externo, já que ele já existe quando nascemos; geral, pois não depende dos indivíduos para existir; e, coercitivo, pois exerce influência no comportamento dos indivíduos na sociedade, através de costumes e "regras" sociais, mesmo que as pessoas não percebam a ocorrência dessa coerção.
Nesse contexto, para o filósofo francês, o cientista social deve tratar o fato social como "coisa", não como desumanização do objeto de estudo, mas como método de distanciamento, para atingir uma verdade científica que não tenha interferência de faculdades inferiores, como os sentimentos. Ainda nesse sentido, Francis Bacon serviu de influência a Durkheim quando falou da necessidade do combate aos "ídolos da mente", que eram as pré-noções que se tornavam obstáculos na busca da verdade sociológica. Além disso, tratar o fato social como "coisa" aproxima-se do discurso de Auguste Comte, porém, segundo Durkheim, este parte para uma noção metafísica ao ter o progresso como o sentido de toda a história, fazendo com que fuja da verdade científica, pois ele valoriza sua visão sobre a História em detrimento da História em si.
Por fim, Émile Durkheim mostra que os comportamentos individuais são uma expressão do coletivo, pois as regras impostas pela sociedade condicionam o pensamento individual e, mesmo que o direito não realize a imposição dessas regras, a incapacidade de fugir delas mostra seu poder de coerção. Assim, a resistência é a melhor forma de demonstrar o caráter coercitivo do fato social, pois ela é seguida da punição àqueles que tentam resistir às imposições sociais.
Giovanna Marques Guimarães - 1º ano - Direito (matutino)
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