O “Manifesto Comunista”, diferentemente do livro “O Capital”
de Karl Marx, foi escrito com um viés especificamente voltado para a propaganda
partidária. No manifesto, Engels e Marx buscam delimitar os caminhos de uma
atuação efetiva daqueles que seriam os responsáveis pela efetivação da implantação
inicial do socialismo, os proletários. Por meio de uma análise carregada de Materialismo
Dialético, os autores revelam que os embates entre as classes sempre regeram o
desenvolvimento de verdadeiras revoluções dos sistemas econômicos, políticos e
sociais. Da mesma forma que a revolução Francesa, grande marco das revoluções
burguesas contra as sociedades estamentais e de privilégios sociais - como era
a França e seus três estados: O clero, a nobreza e o povo/burgueses -, a transformação
de um regime Capitalista e que privilegia a dimensão material sobre o próprio
ser humano se daria pelos próprios embates internos causados pelo
desenvolvimento do regime. Nessa dimensão, não só Marx e Engels reconhecem como
legítimas as transformações de uma burguesia - que ainda se consolidaria no
contexto dessas revoluções - para o modelo econômico, político e social, como
também admiram as transformações e o desenvolvimento propiciado por essa
classe, já que esse seria fundamental para que a teoria comunista pudesse se
efetivar.
Nessa análise da história
e os embates dialéticos entre as classes como um verdadeiro motor da história,
Marx e Engels celebraram a vitória da burguesia pois, seria justamente essa, a
responsável pela possibilidade de implantação futura de um caminho para o
socialismo. Para que tal ato venha a ser consumado, torna-se indispensável para
a implantação desse sistema um modelo de produção essencialmente capitalista e
consolidado, pois este seria não só a base da produção socialista - O
capitalismo seria uma espécie de libertação das forças produtivas,
desenvolvendo tecnologia e ciência que multiplicariam as forças fisiológicas do
homem em milhares de vezes, usadas no socialismo para poupar o homem do
trabalho desgastante - , mas também seria a própria condição degradante de
exploração que ele acarreta o estopim do que é denominado como a “Ditadura do
Proletariado”. O manifesto atua, em última instância, como uma verdadeira
cartilha de instrução para os proletários do globo sobre a sua própria condição
degradante em um sistema de produção capitalista e desenfreado, que utiliza das
máquinas como ferramenta de aumento da produção, e não de geradora de bem-estar
para o proletário.
Finalmente, toda a
aplicação teórica do Comunismo, quando trazida para um universo prático da
contemporaneidade – efetivamente o socialismo aplicado - acaba por se aproximar
mais de uma vertente positivista das relações entre os homens, haja visto que o
conceito de um novo Homem – aquele que se preocuparia com o bem comum em
detrimento de suas próprias liberdades individuais – não foi confirmado até
hoje. A grande repressão nos modelos socialistas atuais remete da própria
individualidade do homem, que ao se negar de trabalhar a favor de um todo,
reforça as investidas por parte dos fortes e necessários governos socialistas para
a manutenção do regime, o que remete a ideia do corpo social como a integração
de todos os seus órgãos que cumprem funções específicas. O socialismo seria
então apenas um método de produção distinto, talvez até mais perverso do que a
ilusão de liberdade capitalista, pois este retira os ideais do trabalho como
dignificação do homem.
Por Gabriel Garro Momesso, Turma XXXV diurno
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