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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Karl Marx é possível hoje?

  Há 170 anos foi lançado um dos mais famosos livros já escritos, intitulado de “O Manifesto Comunista”, o qual é historicamente um dos mais influentes tratados políticos do mundo. Tal obra foi realizada por Karl Marx e Friedrich Engels, escrita na conjuntura de grandes processos revolucionários, com análise dos efeitos da Revolução Industrial na sociedade. Para Marx, o capitalismo é um regime que boicota a si mesmo, por ter erguido sua estrutura a partir da exploração dos menos abastados pelos providos de terra e capital. O teórico, analisando as péssimas situações de trabalho do proletário e a exploração demasiada, entendeu que o regime então utilizado não conseguiria sustentar-se, tendo assim sua ruína premeditada, feita justamente por aqueles sobre os quais o capitalismo ergueu-se. 
  Não obstante, vemos ao longo da história uma melhora da situação do trabalhador, a aquisição de direitos e dignidade de vida. Tais melhoras levam a sociedade para o caminho contrário àquele proposto pela teoria marxista, acarretando não na ruína do capital, mas sim no seu fortalecimento. Diante do quadro real de evolução social vivido na contemporaneidade, cabe a reflexão: Karl Marx é possível hoje?
  Como foi exposta, a teoria marxista errou na sua premeditação acerca do desenvolvimento capitalista, além disso, equivocou-se também na questão de existir apenas a relação de chefe e subordinado, na qual o primeiro, por possuir os meios de produção, apropria-se do trabalho do segundo para a acumulação de capital, pois, como é visto atualmente, existem inúmeros trabalhadores autônomos, serventes deles mesmos e patrões deles próprios. Como exemplo tem-se o Uber, aplicativo de celular que possibilita o indivíduo trabalhar quando e como quiser, sem a necessidade de submeter-se à outro. Dessa forma, é nítido que além de errar na previsão feita acerca das relações entre os envolvidos na produção, Marx engana-se no pressuposto de que o capitalismo somente decorre da exploração entre os sujeitos.
  Apesar de não ter sido concretizado os ditos marxistas, pode-se ser aproveitada parte da teoria, parte essa composta pela dialética, a qual enxerga a realidade como constante mudança mediante o choque entre idéias diametralmente opostas (“tese” e “antítese”), originando uma terceira, diferente das anteriores, denominada “síntese”. Tal método de análise da sociedade é muito útil ao homem, principalmente no âmbito jurídico, o qual pode ser caracterizado como o principal “anteparo” da colisão entre “tese” e “antítese”, além de também ser o lugar no qual é legitimada a “síntese”. O Direito em si representa a dialética da sociedade e é por meio dele que é realmente conquistada a melhora da condição de vida da população, principalmente daquela que mais sofre com a imposição ou abstenção dele. Assim, tendo como único meio possível para a transformação real o ambiente jurídico formal, faz necessário o foco das lutas sociais no mesmo, a partir da teoria “social democrata”, a qual entende como tal processo ocorre e direciona energias para aquilo que realmente funciona, obtendo assim melhoras jamais imaginadas por Marx.
  Á guisa de conclusão, Karl Marx é sim possível hoje, mas somente na questão dialética proposta pelo pensador, sendo então ultrapassadas e irreais as demais colocações por ele feitas. Por fim, só conseguiremos obter melhoras significativas quando nos emanciparmos dessa teoria retrógrada e utópica, para, finalmente, focarmos naquilo que trouxe e ainda traz bons resultados, a luta séria e legítima na conquista e preservação dos direitos e melhoras já alcançados e àqueles a serem ainda adquiridos.
Iago Gasparino Fernandes - Direito Diurno XXXV

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