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sábado, 10 de março de 2018

A busca pela ocupação da lei


A busca pelo conhecimento é algo que distingue os seres humanos dos demais animais. Buscar conhecer a sociedade e o que a compõem é algo que fazemos desde a pré historia, quando deixávamos nossas primeiras marcas nas cavernas.
Hoje, a procura pelo conhecimento tende a ir além do superficial e vai atrás do uso da razão e do compromisso com a realidade vigente, uma vez que a partir dos estudos de René Descartes, compreendemos que a ciência deve ser um bem público, não ficando restrita a parte considerada intelectual da sociedade, mas sim visando alcançar a população por completo pois o conhecimento gera o questionamento e é a partir da dúvida que chegamos ao conhecimento verdadeiro.
Atualmente buscamos cada vez mais por uma ciência que saiba aliar seu conhecimento produzido com a realidade da população, pois nada vale aquele conhecimento que fica restrito somente ao papel, sendo distanciado e inaplicável a sociedade. Sendo assim, justificamos a busca por um direito que realmente passe a ser concretizado nas ruas e não seja uma mera página de livro.
A busca por justiça social é pautada na própria Constituição Brasileira de 1988, a qual também conhecida como “Cidadã”, entretanto os belos direitos prometidos pela Constituição, majoritariamente ficam restritos ao papel, cabendo ás pessoas lutarem –através de questionamentos, mobilizações, protestos - pela aplicação desses direitos que, teoricamente, nos são garantidos.
Também é preciso ir além da utilização única e exclusiva da razão para entender o mundo, uma vez que  a realidade difere dos dados que buscam unicamente classificar a sociedade através de alguns fatores, sem olhar as diversas realidades existentes, como o PIB per capita ou o IDH. Essa diferença é justificada pela pluralidade social, já que em 2017, mesmo apresentando um IDH que leva em consideração uma expectativa de vida de 74,7 anos para a população brasileira, essa idade é enganosa e restrita, não sendo capaz de analisar uma sociedade na qual os direitos básicos garantidos constitucionalmente - como o direito a moradia, felicidade, saúde e bem estar- são negados todos os dias a maior parte da população, que é obrigada a viver a margem da sociedade, como no estado do Maranhão, onde a expectativa de vida não passa dos 70 anos, segundo dados do IBGE de 2017.
Essa exclusão social tornou-se institucionalizada e tem como resultado um grande aumento da criminalidade nos centros urbanos. Como exemplo a cidade do Rio de Janeiro, na qual a violência contra a população de baixa renda é a ordem desde 1902, com as reformas urbanas e a modernização que exclui até os dias atuais essa população. Empurrada para os morros, local em que permanece até os dias atuais, sem o auxilio governamental, a população pobre – tem seus direitos fundamentais negligenciados pelo governo- o que demostra o grande distanciamento da realidade do social e do Estado Democrático de Direito que teoricamente deveria garantir a dignidade da pessoa humana e promover o bem de todos. Entretanto essas belas palavras ficam restritas na Constituição, pois existe um grande distanciamento entre o que é constitucional e o que é realidade no Brasil.
Duvidar do que nos é imposto ou do que é considerado o status quo é essencial para a busca do conhecimento e da transformação da realidade do país, buscando uma maior justiça no âmbito do direito. Sendo assim, questionar as decisões políticas impostas à população, duvidando da sua validade e da verdade dos direitos que são teoricamente garantidos a nós é essencial para a sociedade. Movimentos como o MTST buscam tirar do papel direitos teoricamente garantidos – como o fato de que toda propriedade deve ter uma função social- a fim de tentar ocupar o direito com as demandas populares uma vez que a sociedade tem a grande necessidade de mudanças e reformas na sua base constitucional, que busquem garantir a população que é marginalizada a igualdade que é lei. 


Bárbara Tolini- Direito Noturno, Turma XXXV


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