"Guerra é paz. Liberdade é escravidão.
Ignorância é força."
(George Orwell, 1984)
(George Orwell, 1984)
Em tempos de alvoroço moderno, com as
novas tecnologias surgindo (segunda Revolução Industrial), o proletariado
tomando corpo, aumentando em número, a burguesia se tonando cada vez mais ávida
de lucros, Marx e Engels se posicionaram como observadores da vida que ali se
desenrolava. Ao observar atentamente as tendências da época e ao estudar o
passado, a revolução para eles parecia inevitável - pois a história da sociedade
é a história da luta de classes; ou seja, aquilo que faz a humanidade se mover
é a disputa da classe dominante contra a classe oprimida (pelo menos até
aquele ponto) e o proletariado diante da burguesia urgia por revolta e mudança.
A maior características de Engels, pode-se
dizer ser seu desprezo pelos utópicos, socialistas que ele considerava
fantasiosos; sua não simpatia por Hegel e sua realidade baseada numa
idealização da verdade. No pensamento de Engels, assim como no de Marx,
predominava o saber empírico e a realidade nada mais era, para eles, do que
fatos a serem previstos a partir de experimentação e minuciosa observância da realidade
concreta. Dado esta característica, por que as previsões de ambos se tornaram errôneas?
Quando enfim a história se desenrolou, foi
possível ver que a revolução não venceu, o proletariado não tomou conta da
maquina estatal e dos meios e produção em todo o mundo, a partir da união dos
proletários do mundo todo e, embora, tentativas de socialismo tenham sido
feitas em vários lugares do mundo, hoje, se observa sua decadência.
O motivo para isso não é de todo complexo,
e pode ser extraído da frase inicial deste texto. Marx e Engels não previram a
capacidade do capitalismo de ser sedutor e ilusório; com as pressões proletárias
ocorreu o maior golpe - a burguesia cedeu. Quando direitos eram reivindicados,
existiu repressão, mas, ao tomarem conta das proporções da revolta, os grandes
capitalistas resolveram dar as "regalias" pedidas pelo proletariado,
tornando a vida deles mais fácil e os permitindo um certo enriquecimento. Ou
seja, foi permitido aos proletários um aperitivo do que seria ser rico, de ser
a classe dominante, algo como uma pequena amostra - e isto mudou todo o rumo da
história.
Vendo o quão satisfatório é enriquecer, o
quanto o capitalismo vem para preencher necessidades trazidas por ele mesmo, os
proletários aquietaram-se da luta. Valendo-se do que a frase de Orwell
descreve, a burguesia usou da ignorância das massas como uma força para oprimir
a ela mesma, criando uma liberdade que é exaltada na teoria, mas que na verdade
consiste em escravidão - dependência ao modo de produção capitalista, viver
para trabalhar, sem cessar, sem questionar, sem conseguir sair desta condição,
e assim, a guerra se tornou uma grande indústria geradora de lucros que serve
para dizimar países de terceiro mundo para manter a paz daqueles ditos
desenvolvidos, com uma economia favorável.
E assim, hoje, a opressão é velada, as
pessoas se acomodaram em aceitar as injustiças, depositando sua fé em loterias,
planos de capitalização, jogos, ou em sonhos meramente ilusórios de um dia ter
uma vida plena, que significa ter dinheiro suficiente para ser feliz - ou seja,
se inserir entre os opressores, se tornar parte da classe dominante - ao invés
de lutar por tudo aquilo que tem direito, lutar por uma vida digna, lutar e
revolucionar, abolindo a longo prazo as classes e as desigualdades para sempre.
Os proletários, os camponeses e todos os pobres do mundo, estão hoje
enfeitiçados pelo capitalismo, apenas por que este foi benevolente lhe dando
aquilo que lhes é por direito moderadamente, virando então seus fantoches
consentidos.
Stephanie B., Direito Noturno
Stephanie B., Direito Noturno
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