Tenho,logo existo
Dentro do corpo social moderno vigora, com o
adentrar dos meios de produção capitalistas, a sociedade do consumo. Nela, o
desejo de adquirir bens materiais, muitas vezes desnecessários, rege a vida
cotidiana dos cidadãos e molda-os para um modo de pensar individualista e
provido de desejos líquidos, retirando do homem o bem maior que poderia almejar
possuir: a liberdade.
De fato, o ser humano encontra-se preso aos
seus desejos de consumo que jamais podem ser preenchidos verdadeiramente, abdicando
de sua liberdade natural para viver de modo individualista, em que trabalha fervorosamente,
dando lucro de uma pequena parcela burguesa (através da mais-valia), para
comprar objetos que logo serão descartados e que não lhe fariam falta alguma, mas
são estes desejados ardentemente devido à imposição do sistema capitalista. Este,
ao condicionar o modo de vida da população, retira dela sua liberdade, sendo -quase-
impossível recuperá-la. A animação acima demonstra esse fato, já que nela vemos
o ser humano que nasce em uma gaiola colocada pelo meio social que condiciona
seu comportamento, pensamento e desejos, principalmente quando se trata do ato
de consumir. Porém, mesmo quando tenta libertar-se das amarras do capital, seu coração
já está aprisionado pelas perversas vontades criadas pelo modo de produção capitalista,
impedindo-o de alcançar a plenitude de viver fora das amarras sociais
burguesas.
Segundo Engels, ao explicar o materialismo dialético,
o material está relacionado com o social e o psicológico. Assim, o pensador descreve
juntamente a Marx, as agruras do método de produção capitalista e propõe uma
solução para o individualismo do cidadão e a liquidez de seus desejos: o
governo socialista. Este, contudo, não seria utópico como suas versões
apresentadas anteriormente, mas sim pautado na realidade. Nele, o proletariado
toma em suas mãos o poder do Estado e toma para si os meios de produção, destruindo
a si mesmo como proletariado e a diferença de classes como tal e com isso o
próprio Estado. Alcança-se, assim, a verdadeira liberdade.
A sociedade do consumo está baseada,
portanto, no individualismo do cidadão e em seus desejos líquidos. Isso destrói
a liberdade natural do ser – já que este se encontra agarrado profundamente aos
anseios capitalistas – que só pode ser recuperada por meio da instalação de um
governo igualitário e libertário, o socialista.
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