Quantos pobres são necessários
para produzir um rico?
“No fim de
tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de
homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já
calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho
desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à
desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho
digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já
devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de
corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão
rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro,
seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de
miseráveis.” GARRET, Almeida, Viagens na minha Terra
A obra Viagens na minha
Terra, publicada em 1845, de Almeida Garret inicia-se com uma série de divagações
do autor que retrata suas viagens em um Portugal decadente após um contexto de
guerra civil de 1830, que opunha os liberais e os monarquistas, defensores da
Monarquia Absolutista. O trecho retratado acima consiste numa crítica a uma
camada da sociedade que compunha a burguesia, através de uma perspectiva questionadora
que irá elucidar a filosofia de Marx e Engels sobre a luta de classes.
Marx irá se apropriar de
grande parte da filosofia de Hegel como o fato de entender a realidade como
fruto de um processo histórico e não como estado estático das coisas, nessa
perspectiva, a mudança obedece a lei da dialética, movimento composto pela antítese,
tese e síntese, sendo este o principal motor da história. As contradições da
sociedade geram conflitos que irão arrastar os indivíduos a uma mudança. Porém,
o pensamento de Engels e Marx irá se afastar de Hegel, a medida que entendem a
realidade como algo material e não como algo espiritual, assim, o processo
histórico dialético advêm de forças materiais.
Logo, para Marx as
contradições da sociedade provêm da luta de classes daqueles que compõem
processo econômico, os detentores do meio de produção e os que tem a força de trabalho,
pois para Marx a economia era o pilar que compunha infraestrutura e sustentava
a superestrutura, que eram as intuições políticas, sociais, religiosas e ideológicas.
A luta entre os capitalistas e os operários devia-se as condições de trabalho e
ao conceito de mais valia, que seria o valor da força de trabalho do operário que
não era remunerada pelo seu patrão, garantindo assim, seu lucro.
Nesse conceito,
entende-se o questionamento de Garret: Quantos pobres são necessários para
produzir um rico? Ou seja, para garantir que um capitalista enriqueça é necessário
que ele se aproprie de parte da força de trabalho de seu empregado, o que
consequentemente, torna o operário mais pobre. Tal contradição será o principal
motor da história que, segundo Marx, será superada somente com a instituição de
um regime comunista.
Nome: Beatriz Santos
Vieira Palma, Aula 7, Direito Diurno
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