Fredrich
Engels, em sua obra “Do socialismo utópico ao socialismo científico”, foi o primeiro
responsável por criticar os pensadores do socialismo utópico que o antecederam
e adotar bases científicas para a corrente ideológica do socialismo. Além disso,
o autor explica porque o socialismo deve ser considerado uma ciência,
criticando a filosofia ocidental e a dialética de Hegel e, assim, fundamentando
solidamente o materialismo dialético como nova maneira de entender
historicamente a sociedade.
Sua
crítica direta aos pensadores do socialismo utópico dá-se pela crença desses de
que seriam verdadeiros “iluminados”, capazes do entendimento da sociedade e de
revelar o socialismo para os “menos dotados” de razão. Dessa forma, não as
condições históricas, e sim o acaso que opta quem terá a razão pensante, deve
elucidar a situação de exploração do proletariado, sem maiores interferências. No
entanto, Engels desconstrói essa ideia mostrando que a civilização do capital é
– e necessita ser - global, o que faz
com que a produção exacerbada e a competição incontrolável sejam objetos de
estudos complexos e profundos. Desses estudos nasce o socialismo não meramente
como política, mas essencialmente como ciência.
Além
disso, tornar o socialismo uma ciência seria, certamente, a melhor maneira de
situá-lo na realidade, como parte integrante dela. Ser parte integrante do todo
significa apregoar a dialética, isto é, a concepção do mundo e de ideologias
concatenadas e não pré-fixadas. Com isso, Engels está criticando a metafísica e
a filosofia como doutrinas que ‘obcecadas pelas árvores, não conseguem ver o
bosque’ e reforçando sua ideologia dialética como a mais próxima do mundo
prático.
Entretanto,
Engels não é propriamente o criador da dialética, ele apenas retoma essa
maneira de pensar revivida por Hegel, célebre pensador (idealista) alemão. Hegel
afirma que a humanidade está em permanente processo de desenvolvimento,
impulsionada por “leis históricas” que determinam inicios e colapsos de um
período cultural, trazendo de volta a dialética da filosofia antiga para instrumentalizar
a reflexão acerca da história. No entanto, Hegel interpreta a história a partir
de ideias que ele constrói com base em determinadas categorias, isto é,
continua essencialmente idealista, filosófico, dependente da razão para
determinar a realidade das coisas.
Contrariamente
a Hegel, Engels - e depois Marx – explica o mundo com base na ordem das causas
(fatos), prevalecendo o concreto sobre a ideia, fortificando que são as
relações sociais que engendram o Estado Moderno e às quais os indivíduos se
mantêm presos. Essa corrente ideológica que privilegia o real e a transformação
do concreto vivido em concreto pensando (observar a vida das pessoas
subjetivamente, cotidianamente, processar essa realidade em categorias e
transformar o que é vivido em ciência) é o materialismo dialético. Sua funcionalidade
seria, segundo, Engels, oferecer a capacidade dos indivíduos de interpretar o
mundo a partir da noção de totalidade e, com isso, entender que os sujeitos são
compostos por diversas relações que remontam toda a sua histórica física e psíquica.
Com isso estão formadas as bases do socialismo cientifico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário