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domingo, 24 de março de 2013

Análise de "O Ponto de Mutação"


          De um ponto de vista abrangente, podemos afirmar que "O Ponto de Mutação“, de Fritjof Capra, é uma obra cujo caráter central é o de questionamento crítico acerca  da aplicabilidade dos pensamentos de René Descartes e Francis Bacon no contexto e realidade atuais, colocando em questão se estes podem ser considerados plausíveis ou até mesmo benéficos na época na qual vivemos.
          Tomando por base a exploração exaustiva de recursos naturais e a construção desenfreada de usinas, fábricas e quaisquer outros instrumentos de transformação do ambiente, o autor aponta para o fato de que fora, a partir da defesa Baconiana de um “domínio” da natureza por parte do ser humano (“Saber é poder”), que se instaurou a cultura corrente de que o planeta deve suprir as necessidades do homem de maneira ilimitada.
          Do mesmo modo, atenta-se para a fragmentação da visão do mundo como um todo no momento em que se difundiu a teoria Cartesiana de que, a fim de conhecer melhor o objeto de estudo – seja ele qual for -, faz-se necessária a “repartição” da ideia total até que se tome entendimento sobre cada pequena parte, separadamente.
          É preocupante que se interprete de maneira tão denotativa algo dito há séculos, especialmente quando se pretende aplicar tais ideias na solução da problemática atual, a qual envolve progresso sustentável, melhoramento das relações em sociedade – bem como as internacionais - e política.
           A fim de reverter o quadro formado a partir de tais pensadores, é intrínseca a reformulação do pensamento geral, a exemplo da oposição de Auguste Comte à especialização nas subdivisões do saber, restaurando o ponto de vista de que há forte interrelação entre todos os acontecimentos advindos de quaisquer partes do globo – principalmente no contexto da globalização -, em detrimento da visão fragmentária da realidade, tal como sugerida por Descartes.
          Por fim, partindo do mesmo princípio, o autor faz menção à urgência com a qual devemos rebater o pensamento Baconiano de “dominação” do meio ambiente, priorizando um pensamento racional e prudente que nos faça perceber que a verdadeira sabedoria baseia-se, muito pelo contrário, na ciência de que ele possui suas limitações e merece, acima de tudo, respeito.

- Iara da Silva, Direito noturno

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