O filme Ponto de Mutação,
produzido em 1989, é baseado no livro de mesmo nome do escritor Fritjof Capra.
A história narra uma conversa entre três personagens: Thomas Harrimann, poeta
que se mudou para um vilarejo, Jack Edwards, político o qual
acaba de perder a eleição para presidente e encontra-se em conflito com
suas ideias, e Sonia Hoffmann, física desiludida com os fins –destruição,
caos- para os quais sua pesquisa serviu. A ilha em que o trio se encontra, com seu
isolamento pelas marés, faz uma analogia à ideia do isolamento do pensamento.
Dentro desse contexto, as personagens
discutem sobre as
formas de conhecimento, sobre o comportamento social e sobre uma mudança de
perspectiva que se faz necessária em uma sociedade marcada pela busca do desenvolvimento e pelo
progresso científico. A exemplo dessa problemática, eles analisam o método de buscar o
conhecimento desenvolvido por Descartes, o qual consiste na
dúvida e então na fragmentação de um problema, de forma que se possa entender o
todo. Em contrapartida, o filme sugere que não devemos olhar as partes
separadas, mas juntas e assim, mudar tudo de uma vez, ao mesmo tempo, visto que
somos parte de uma grande teia inseparável de relações. Isto posto, a cegueira
humana está baseada na falta de abertura para o novo. Logo, é necessária uma
nova perspectiva, visão de mundo, com o intuito de encontrarmos diferentes
horizontes e escaparmos do conforto dos processos, dos quais muitas vezes não temos
a compreensão. Os sistemas existentes no mundo afora visam apenas ao controle
das consequências de um determinado problema e não de suas causas, o que leva a
uma inversão da realidade.
A questão abordada pelo filme
está diretamente relacionada a sociedade atual. Muitas vezes julgamos um fato
baseados no senso comum, que é um conhecimento superficial, medido pelas
aparências em detrimento do bom senso, um conhecimento profundo e questionador.
Não devemos naturalizar o cultural e aceitar tudo o que nos é imposto, mas
refletir e tentar mudar aquilo que não nos agrada, buscando novas perspectivas
e, consequentemente, um equilíbrio da vida.
Marina Cavalli - direito diurno
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