MECANIZACÃO SOCIAL
No filme : Ponto de Mutação , a critica ao espírito
puramente cientifico e racional é exposta claramente por meio das discussões
entre os três personagens principais. A critica , em sua essência, aborda o
tema do cartesianismo de René Descartes e o ideal empírico de Francis Bacon.
A demasiada força com que essas questões
recaíram sobre o mundo moderno e com que ainda hoje reflete nos pensamentos e
praticas cientificas é pautada no excessivo apego com que a sociedade vê o
mundo. Ou seja, por estarmos imersos em um ambiente predominantemente
tecnológico, embasado em ideais científicos e de caráter sistemático e metódico,
na maioria das vezes, nos tornamos racionalistas o suficiente a ponto de
agirmos e vermos o mundo como maquinas.
Por sua vez, de
fato é isso que o filme faz alusão. Indaga não explicitamente, mas força o
espectador a refletir sobre como temos nos comportados durante essas intensas
influencias em nossas vidas. Citamos como exemplo, a cena em que os três
figurantes estão diante de um relógio mecânico, formalizado durante a idade
moderna. Nota-se que durante o discurso de Liv Ullmann , sua personagem, expõe
claramente acerca da tendência do ser do século XX de mecanizar o ambiente
humano e tudo aquilo com que o homem procura conhecer. Realmente o faz ,contudo,
seu principal problema é a maneira e a freqüência com que isso tem sido feito.
Outro ponto a ser
ressaltado e ,talvez o de maior proeminência, é o fato acerca da percepção
contemporânea. O filme critica eminentemente a visão cartesiana de que o todo
só pode ser compreendido quando o dilaceramos e o tornamos em pequenas partes a
fim de conceber uma idéia mais pura de sua essência e ,consequentemente, mais
verídica. Todavia, é esse o ponto em que erramos. Não devemos nos ater ao
simples mecanismo de analisar o todo pela parte ou a parte pelo todo, mas sim
como uma ação recíproca, onde analisar as partes nos concede a possibilidade de
compreender melhor a formação de toda estrutura social e analisando o todo,
podemos de fato ver o que os pequenos problemas se tornam em seu conjunto. O
filme, em si, traz-nos a idéia de uma nova percepção, pois é com ela que
conseguiremos consertar as patologias que assolam a sociedade do século
vigente.
Devemos, portanto,
não nos atermos sob uma ótica única, mas buscarmos visões distintas acerca do
entendimento da matéria para ao mesmo tempo não incorrermos nos erros de uma
visão talvez impregnada de preconceitos (no sentido polissêmico da palavra),
mas obter percepções que permitam ampliar nossa gama de evidências e nos
conceber soluções passiveis de serem aplicadas com o fim único de melhorar a
condição humana.
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