Um novo método para pensar o mundo. Essa é a proposta
principal do filme Ponto de Mutação,
inspirado na obra de Fritjof Capra. Não apenas um método qualquer e simplório,
mas uma inovação, que traga uma ótica diferente do racionalismo, da visão
fragmentada e cartesiana de Descartes. E para concretizar isso, a narrativa
desenvolve-se por meio de um denso diálogo filosófico entre três personagens,
com três distintos pensamentos.
Assim, se a intenção de Capra era provocar uma intensa reflexão
no público, ele conseguiu, pelo menos comigo. Será mesmo que existe uma única maneira,
correta e eficaz para pensar o mundo e todos os problemas a ele vinculados?
Qual é o ideal: o método mecanicista de Descartes, de analisar cada engrenagem
para compreender uma máquina maior ou o pensamento de uma das personagens do
filme, a cientista Sonia Hoffman, que almejava observar o todo e avaliar como
há fortes interligações entre cada uma das partes que o formam.
Não possuo, mesmo depois de muito refletir, uma resolução concreta
para essas indagações. Todavia, ao analisar situações polêmicas contemporâneas,
como por exemplo a crise econômica europeia, pode-se obter certa clareza acerca
das questões levantadas pelo filme. A Europa reflete os efeitos da crise do Subprime
(2008) que se iniciou nos EUA. No entanto, as repercussões foram ainda mais
intensas no continente europeu e cada país apresentou diferentes respostas para
a crise.
Assim, enquanto a Alemanha, aparentemente, demonstra grande
estabilidade, Grécia, Espanha e Portugal encontram-se em um quadro caótico de
desemprego, inflação e de manifestações populares. Desse modo, diversos
economistas, órgãos internacionais, o Conselho Europeu da ONU e a própria União
Europeia procuram mecanismos para melhor enfrentar toda essa precariedade. Mas
como? Pensar cada Estado separadamente, com sua cultura, sua legislação, seus
princípios para tentar solucionar o problema de toda a Europa ou pensar a
Europa como um ser único, maior e assim resolver as peculiaridades de cada
Estado?
Uma questão que até hoje não foi resolvida, e que os
pensamentos de Capra são capazes de acentuar ainda mais nossas dúvidas.
Juliana Galina - Direito diurno
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