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domingo, 24 de março de 2013

Crise de incertezas


Um novo método para pensar o mundo. Essa é a proposta principal do filme Ponto de Mutação, inspirado na obra de Fritjof Capra. Não apenas um método qualquer e simplório, mas uma inovação, que traga uma ótica diferente do racionalismo, da visão fragmentada e cartesiana de Descartes. E para concretizar isso, a narrativa desenvolve-se por meio de um denso diálogo filosófico entre três personagens, com três distintos pensamentos.
Assim, se a intenção de Capra era provocar uma intensa reflexão no público, ele conseguiu, pelo menos comigo. Será mesmo que existe uma única maneira, correta e eficaz para pensar o mundo e todos os problemas a ele vinculados? Qual é o ideal: o método mecanicista de Descartes, de analisar cada engrenagem para compreender uma máquina maior ou o pensamento de uma das personagens do filme, a cientista Sonia Hoffman, que almejava observar o todo e avaliar como há fortes interligações entre cada uma das partes que o formam.
Não possuo, mesmo depois de muito refletir, uma resolução concreta para essas indagações. Todavia, ao analisar situações polêmicas contemporâneas, como por exemplo a crise econômica europeia, pode-se obter certa clareza acerca das questões levantadas pelo filme. A Europa reflete os efeitos da crise do Subprime (2008) que se iniciou nos EUA. No entanto, as repercussões foram ainda mais intensas no continente europeu e cada país apresentou diferentes respostas para a crise.
Assim, enquanto a Alemanha, aparentemente, demonstra grande estabilidade, Grécia, Espanha e Portugal encontram-se em um quadro caótico de desemprego, inflação e de manifestações populares. Desse modo, diversos economistas, órgãos internacionais, o Conselho Europeu da ONU e a própria União Europeia procuram mecanismos para melhor enfrentar toda essa precariedade. Mas como? Pensar cada Estado separadamente, com sua cultura, sua legislação, seus princípios para tentar solucionar o problema de toda a Europa ou pensar a Europa como um ser único, maior e assim resolver as peculiaridades de cada Estado?
Uma questão que até hoje não foi resolvida, e que os pensamentos de Capra são capazes de acentuar ainda mais nossas dúvidas.
Juliana Galina - Direito diurno

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