É impossível analisar a humanidade
sem esbarrar na tecnologia e na mecanização.
Afinal, o homem adotou um método de entendimento do mundo que vê esse de
forma análoga a uma máquina, e concentra-se em descobrir o funcionamento dessa,
prezando por controlar e não compreender especificamente. Porém, esse modelo
pode não ser o ideal para daqui em diante e a humanidade tenha que encontrar
seu ponto de mutação.
Historicamente,
diversos métodos pregam teorias de entendimento de mundo baseadas na mecanização
e especialização excessiva. Desde Descartes, passando por muitos outros, o mundo
é visto como um conjunto de engrenagens, e os homens destinam-se a realizar
estudos que permitam controlar essas engrenagens, mesmo que isoladamente. Bacon
dizia que “saber é poder”, contudo o que se vive na pratica é um “dominar é
poder”, pois nem sempre o conhecimento que permite controlar permite entender. São
esses os pontos colocados em xeque no filme “Ponto de Mutação” baseado em obra homônima
de Fritjof Capra.
A
obra leva a uma reflexão sobre o modelo que a humanidade escolheu como o ideal
para atingir seus objetivos. Pode-se concluir que certamente o futuro não é um
dos maiores objetos de atenção dessa
metodologia, principalmente no que tange a sustentabilidade. Afinal,
destinam-se muitos esforços a um projeto mundial em que desenvolvimento e
crescimento financeiro são sinônimos e pouco se faz pelo real desenvolvimento,
aquele que vê o homem como um ser único, que deve ser protegido e beneficiado
de forma igualitária. Cotidianamente, o homem deixa de ser visto como um ser
social e torna-se uma engrenagem, que tal como as outras deve ser dominada.
Certamente,
esse mecanicismo não supre as necessidades dos seres sociais como um conjunto,
somente atende a uma pequena parcela altamente ligada ao capital financeiro.
Como sugere Capra, é necessário ver um mundo como um sistema, em que tudo está
ligado. Não adianta somente dominar, é preciso entender para evoluir de forma
coerente e estável. O homem precisa se aliar o meio, deixando de agir de forma
exclusivamente dominadora, para a partir
disso criar um modelo de caráter ecológico construtor.
Por
fim, como a própria vida mostra através do corpo humano, mutações são necessárias.
O modelo mecanicista que permitiu diversos avanços nesses séculos em que
imperou não serve as atuais necessidades. Chegou a hora de repensar desejos e
conquistas, analisar o passado, mudar o presente e planejar o futuro. Depois de
muito fracionar o conhecimento, deve-se realizar conexões que permitem entender
os fios dessa teia imensa que liga tudo aquilo que existe, não se pode mais
negar a interdependência das coisas. Realmente, é hora de mutação!
Paulo H. R. Oliveira – Direito
Diurno
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