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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Biologia básica na criação de um exército gangrenado


No Reino Animalia, Filo Chordata, Classe dos Chondrichthyes existe um animal bem curioso. O tubarão touro (Carcharhinus leucas) é um dos poucos animais da natureza que pratica canibalismo. Além disso ataca arraias, cardumes e pássaros, o que seria comum a qualquer tubarão. Mas o tubarão touro faz isso frequentemente sem ter fome. Ou seja, ataca por atacar. Ataca por instinto sádico, o que não é comum na natureza. Não bastando, tem a visão péssima, o que faz com que ataque tudo e todos, e não são raros acidentes envolvendo esses tubarões e pessoas. Outro fato curioso desse tubarão é que ele apresenta em seu corpo o maior nível de testosterona da natureza (60 vezes maior que de um homem adulto). Esse hormônio é frequentemente associado a um "cúmplice" da violência... Diante disso, acho que fica quase pleonástico dizer que não se pode adestrar esse tipo de tubarão...

No Brasil, a cada 10 pessoas presas, 7 acabam voltando para a prisão. Não me parece que esse "sistema restitutivo" esteja funcionando muito bem. Aliás, o sistema restitutivo parece muito com um adestramento. Não funciona porque o preso não encontra a opção de se recompor socialmente. Para funcionar o preso deveria consentir em ser restituído. Mas essa opção simplesmente não lhe é apresentada. Daí essa restituição vai ser tão eficaz quanto um internamento forçado de um viciado em crack numa clínica de reabilitação. Se ele não consegue decidir por si só ser restituído, NINGUÉM o fará e isso JAMAIS vai funcionar. É tão boçal que chega a ser vergonhoso. E o curioso é que pesquisas já comprovaram que seres humanos encarcerados têm nível de testosterona mais elevado que pessoas não encarceradas. Engraçado. Ambas são do Reino Animalia, Filo Chordata, Classe dos Mammalia. Ambos são Homo sapiens sapiens, mas os encarcerados têm mais testosterona que os não encarcerados. Se a biologia coopera com o crime, será que o Estado tem a capacidade de intervir nisso ?

Mas se o Estado não intervir no sentido de restituir as pessoas, qual a garantia de que as VINGANÇAS DE SANGUE tão frequentes na Albânia não se tornem pandemia ? As pessoas vitimadas por essa brutalidade anti humana nascem ameaçadas de morte e jamais podem sair de casa. Na realidade nascem mortas. E aí a não intervenção do Estado não parece uma solução muito boa...

Por fim, o que percebo é que a ideia de restituição parece bem arcaica. Diante de porcentagens tão esmagadoras (falando sobre o Brasil), não aceitar que a restituição é uma estratégia falida é tão hipócrita quanto irracional. É utópico. É não aceitar um FATO. E quando as pessoas TENTAM NEGAR FATOS tudo o que se produz é GANGRENADO. Também não acredito que não exista solução; mas esta pseudo-solução é utópica e teórica. E de nada adianta a teoria pra quem tem que comer farinha com água.

Mas me parece que esse exército de testosterona tem valor pra alguém. Me parece que muita coisa gira ao redor disso e envolve interesses mil. Daí o Estado cria e alimenta o crime, e o criminoso não faz nada além do que lhe é outorgado. Triste é que quando você (no caso o Estado) ameaça a casa, o alimento, a saúde e a própria dignidade das pessoas, o adestramento forçado funciona, e por trás de quem fere facilmente se encontra um ferido. Além disso, me parece também que se houvesse maior investimento em educação não seria tão necessário o sistema restitutivo. Parece que esse sistema necrosado e abarrotado serve para desviar atenção de uma discussão que envolve planejamento cultural, a começar pela educação...



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