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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Renato e Fábio

Renato caminhou calmamente dentre as escadarias da igreja, seu coração acalmado pelas palavras do pastor, estas que reafirmavam suas ideias. Sujeito conservador, por volta de meia-idade e um semblante sereno, que escondia sua personalidade moldada um tanto quanto o próprio fruto das mídias de informação limitadas da qual ele permitia desfrutar, ele tinha outras fontes, até mesmo mais confiáveis, mas se alguém tão distante dele, nas redes sociais concordava com ele a partir de uma realidade distante, sua trajetória lhe parecia sempre correta. Através da leitura ele sempre pode obter tudo que queria, portanto, integrava variados grupos de WhatsApp, Telegram e Twitter para se manter informado. Mantinha-se atento a tudo, conhecendo novas pessoas e viajando três vezes ao ano, de modo a conhecer a múltipla realidade do viver e se abrir às novas experiências.

As notícias e grandes empresas dão golpes manipulativos a todo tempo, portanto, se Renato desconfiava de algo, ele logo ia atrás. Não confiava em ninguém e pouco deixava que sentimentalismos superficiais influenciassem em suas ações; ao se deparar com um fato analisava sempre a partir do ponto menos específico até o mais complexo, ordenando e numerando tudo que precisava ser entendido. Sempre duvidando de tudo. Seu melhor amigo, Fábio, caminhava por outra via, acreditando que dúvidas extensas culminavam no nada, apenas acreditava nas verdades que pudessem ser demonstradas, estabelecendo seus princípios e rejeitar tudo que não fosse demonstrado. Era impossível para os dois que a vacina tanto falada nos telejornais alarmistas tenha sido elaborada em tão pouco tempo.

Para Fábio, a lógica humana funcionava apenas por seguir elementos básicos da natureza e acreditava muito no intelecto alcançado, afinal o ser ao invés de divagar por horas sem fim preferia apenas contentar-se em seguir um único caminho para que se foque em apenas uma área, observando e experimentando para obter êxito. Também se informava como Renato, mas não tinha idolatrias, como seu amigo, tal era fanático por figuras de poder. Fábio passava tudo parte a parte, interessar-se ser hábil de perceber o todo, olhava sempre as fontes do que acontecia ao seu redor. Ao seu próprio modo ambos rejeitaram a manipulação governamental pela campanha de vacinação do Covid-19, pois por mais elaborado que o intelecto se faça, o homem facilmente recai a estupidez. Pouco me resta a debater mais desta amizade, quando com uma última lagrima Renato deixou o corpo frio do amigo continuar a apodrecer abaixo da terra, pela pneumonia contraída há algum tempo.

 

Bianca Lopes de Sousa

1º ano matutino

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