Quando René Descartes “bateu as botas”, Issac
Newton era apenas uma criança, e quem poderia imaginar o que o futuro guardava
para aquela criança. É clássico e famoso, o conto de Newton e o pé de maça. O
físico ao observar uma maça que por acaso caiu em sua cabeça imaginou que algo
a fizera cair, afinal, ela não poderia cair simplesmente por vontade própria,
daí, vieram diversas experimentações, hipóteses, testadas, concluídas e falhas
assim como tantas outras comprovadas, com Newton iniciava-se uma fase de
descobertas e possibilidade de produção do conhecimento nunca antes vista,
consolidavam-se os ideais de Descartes e Bacon, já dizia Francis Bacon: “A natureza supera em muito, em
complexidade, os sentidos e o intelecto.”, e Issac Newton, regrou a natureza,
decifrou seus mistérios permitindo que previsões quase exatas da influência
dela sobre os corpos, por isso, a tecnologia, a produção e o conhecimento
cresceram de forma imensurável e quanto mais entendíamos a natureza mais
dinheiro retornava aos nossos bolsos, e com isso quanto mais nos apropriávamos
da natureza mais satisfação e conforto eram gerados. Resultado: os sentimentos
humanos? Esquecidos, afinal se os ideais do século XVII colocavam-nos como
atraso e malefícios para o “progresso”, imagine três séculos depois em que o
conhecimento está em segundo plano e o que determina o progresso é o acumulo
incessante de capital.
Colocando sobre analise e comparação o
contexto geral da escritura do livro “O discurso do método” com o contexto dos
acontecimentos recentes em nossa sociedade moderna, nota-se semelhanças – não
igualdades – entre as bases e as dúvidas do pensamento cartesiano, com o atual
pensamento científico e os questionamentos sobre ele. Imagine uma pirâmide
gráfica ou um cone de ponta cabeça, na parte superior (maior) está a demanda,
as pessoas anseiam por novas tecnologias, descobertas e melhores soluções para
os problemas do dia a dia bem como fazia-se no XVII; em seguida encontra-se as
incertezas, a modernidade mesmo sendo a era da tecnologia e teoricamente do
“bem-estar” já que teoricamente mesmo alguém com baixa renda viveria melhor
hoje do que um rei ou lorde na Idade Média, possui tantas incertezas quanto
possuía René Descartes quando escreveu sua obra, a diferença pontual é que para muitas foram encontradas respostas, mas
novas surgiram e algumas com um aspecto diferente que talvez não possam ser
sanadas pelo método mecânico que vem dado certo por séculos; conforme essas
dúvidas crescem, geram-se confrontos, que podem tornar-se uma crise ou podem
aplicar mutações nas ideias que vigoram, quer isto dizer, Descartes confrontou
a veracidade, ou, no mínimo a funcionalidade das ideias filosóficas. Utilizarei
o texto “O café e o horário do tempo” (também postado nesse blog) para
exemplificar um confronto: “Ve-veja be-be-bem, coroa! O horário de
verão é fruto de muito tempo de estudo e possui o esforço de muitos estudiosos
[...] registrando o fenômeno ano após ano, puderam de fato descobrir que é um
fenômeno natural periódico, e que nós seres humanos, poderíamos nos utilizar
dessa previsibilidade natural”. Esse trecho é o início da discussão entre o senhor –
indignado com o horário de verão – e o jovem que defende a convenção
utilizando-se da ciência, como autor julgarei como um juiz onipotente as ações
das personagens, seguramente o fenômeno é real, não só observado, mas também
estudado e comprovado e naturalmente, isso não exclui as afirmações práticas feitas
pela personagem “Sr.Dagoberto” de que a convenção sobre o fenômeno é ou
tornou-se ineficiente com o aumento de consumo energético uma vez que foram
aumentadas o número de tecnologias – é válido ressaltar que a observação
prática foi feita antes da comprovação cientifica – além disso, esse dilema é
previsto por Descartes e justificado nas páginas iniciais do livro com a
seguinte frase “Portanto, meu propósito não é ensinar aqui o
método que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas somente
mostrar de que modo me esforcei por conduzir a minha.
Desse
modo é possível a conclusão de que a ciência quando superestimada, e as noções
ou sentimentos humanos quando desvalorizados resultarão em dificuldades,
instabilidades e perigos à condição humana (Cenário de maior parte dos países),
mas, em virtude das três fases do “funil” anteriormente expostas, chegaremos à
uma revolução das ideias, como fizeram Bacon e Descartes, e essa revolução pode
inovar o método científico mecânico e acabar com a desconfiança e medo da
população geral com as respostas científicas. Para não deixar uma lacuna nessa
ideia, utilizarei a obra “O ponto de mutação” para exemplificar essa tendência,
na obra – mais precisamente, no filme – a cientista Sônia desenvolve ideias que
rompem com dinâmica científica, e a responsabiliza em parte por colocar em
risco o planeta e as futuras gerações, já que a ciência não responde somente a
busca pelo conhecimento, mas passou a responder principalmente ao interesses
guiados pelos grandes investimentos capitalistas, essa nova corrente seria o
Pensamento Sistêmico.
Rodrigo Gabriel Leopoldino Zanuto, Direito - Noturno
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