Francis Bacon, considerado um dos pais da Filosofia Moderna,
em oposição e crítica à perspectiva escolástica vigente no período, propôs um
método cientifico baseado no empirismo para a obtenção da verdade. Através de
tal, o filósofo acreditava ser possível alcançar o conhecimento verdadeiro e,
assim, o mundo do futuro serviria aos homens. A realidade do século XXI,
entretanto, se mostra distinta daquela prevista por Bacon, especialmente em
anos eleitorais quando as mais diversas características da sociedade
contemporânea - tal qual a capacidade de retórica, de manipulação e de ser
manipulado – se tornam evidentes. A teoria dos ídolos se insere, nesse
contexto, como principal instrumento para análise de tais fenômenos e características.
Os ídolos da tribo
correlacionam-se com aqueles que creem que suas convicções são verdades absolutas
e correspondem à realidade, quando na verdade, são reflexos e relações de si
próprios e, nessa perspectiva, passam a reduzir aquilo que é elaborado para
algo simplificado a fim de realçar o que lhe convém. Podem ser caracterizados assim os eleitores os
quais acreditam e compartilham as chamadas fake News (notícias falsas), que
fazem parte de estratégias criadas para incrementar o jogo político com a finalidade
de manipular as massas ou “manchar” os oponentes. Ao lidar com tais pessoas,
entretanto, deve-se tomar cuidado, pois como afirmado por Francis Bacon, estas veem
as coisas sob uma perspectiva deformada o que as tornam seguidoras cegas de uma
realidade e verdade que não existe de fato, se tornando peças fundamentais para
a dinâmica político eleitoral, pois não questionam e não aceitam serem
questionadas.
Já os ídolos do foro, representam as figuras políticas concorrendo
a candidaturas. Sendo tais ídolos os detentores da arte da retórica, estes
manipulam o discurso com o objetivo de influenciar e dominar através das
palavras e, usando ambiguidades e abstrações, enfatizam a oratória e o jogo de
palavras. Transpondo para a realidade, as conhecidas promessas de campanha se
inserem nesse contexto, uma vez que raramente são concretizadas de fato ou
representam as intenções reais dos diversos candidatos e partidos eleitorais,
se tornando apenas partes de um discurso milimetricamente ensaiado e calculado.
Chamados de perturbadores por Bacon, esses ídolos se insinuam no intelecto e
são combatidos apenas pelo uso do mesmo.
Diante do exposto, as eleições se relacionam diretamente com
os estudos do filósofo moderno. Diferentemente do que Francis Bacon acreditava,
o futuro ainda não é servido aos homens, uma vez que estes ainda não se
desvincularam dos diversos ídolos da mente e da sociedade e são manipulados e
influenciados por eles frequentemente, sendo partes essenciais para a
manipulação e manutenção de uma estrutura política.
Ana Laura Murari Silva
1º ano – Direito Matutino
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