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segunda-feira, 4 de abril de 2022

As eleições e a teoria dos ídolos

 

Francis Bacon, considerado um dos pais da Filosofia Moderna, em oposição e crítica à perspectiva escolástica vigente no período, propôs um método cientifico baseado no empirismo para a obtenção da verdade. Através de tal, o filósofo acreditava ser possível alcançar o conhecimento verdadeiro e, assim, o mundo do futuro serviria aos homens. A realidade do século XXI, entretanto, se mostra distinta daquela prevista por Bacon, especialmente em anos eleitorais quando as mais diversas características da sociedade contemporânea - tal qual a capacidade de retórica, de manipulação e de ser manipulado – se tornam evidentes. A teoria dos ídolos se insere, nesse contexto, como principal instrumento para análise de tais fenômenos e características.

 Os ídolos da tribo correlacionam-se com aqueles que creem que suas convicções são verdades absolutas e correspondem à realidade, quando na verdade, são reflexos e relações de si próprios e, nessa perspectiva, passam a reduzir aquilo que é elaborado para algo simplificado a fim de realçar o que lhe convém.  Podem ser caracterizados assim os eleitores os quais acreditam e compartilham as chamadas fake News (notícias falsas), que fazem parte de estratégias criadas para incrementar o jogo político com a finalidade de manipular as massas ou “manchar” os oponentes. Ao lidar com tais pessoas, entretanto, deve-se tomar cuidado, pois como afirmado por Francis Bacon, estas veem as coisas sob uma perspectiva deformada o que as tornam seguidoras cegas de uma realidade e verdade que não existe de fato, se tornando peças fundamentais para a dinâmica político eleitoral, pois não questionam e não aceitam serem questionadas.

Já os ídolos do foro, representam as figuras políticas concorrendo a candidaturas. Sendo tais ídolos os detentores da arte da retórica, estes manipulam o discurso com o objetivo de influenciar e dominar através das palavras e, usando ambiguidades e abstrações, enfatizam a oratória e o jogo de palavras. Transpondo para a realidade, as conhecidas promessas de campanha se inserem nesse contexto, uma vez que raramente são concretizadas de fato ou representam as intenções reais dos diversos candidatos e partidos eleitorais, se tornando apenas partes de um discurso milimetricamente ensaiado e calculado. Chamados de perturbadores por Bacon, esses ídolos se insinuam no intelecto e são combatidos apenas pelo uso do mesmo.

Diante do exposto, as eleições se relacionam diretamente com os estudos do filósofo moderno. Diferentemente do que Francis Bacon acreditava, o futuro ainda não é servido aos homens, uma vez que estes ainda não se desvincularam dos diversos ídolos da mente e da sociedade e são manipulados e influenciados por eles frequentemente, sendo partes essenciais para a manipulação e manutenção de uma estrutura política.

Ana Laura Murari Silva

1º ano – Direito Matutino

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