Era uma tarde de domingo quando dois homens sentados à beira de uma lagoa discutiam a respeito de coisa triviais da vida, um olhou pro outro e disse
-Como a gente pode concluir que tudo que nossas crenças são verdadeiras?
-Nem tudo que ouve ou vê pode ser considerado real meu amigo, nossos sentidos estão aí pra confundir, o pensamento racional sempre deve prevalecer.
-Mas veja bem, se não são nossos sentidos, como poderíamos se quer obter algum conhecimento sobre as coisas da natureza, eu por exemplo, só sei que uma planta é verde, se eu olho pra ela
-Amigo, você só sabe que uma coisa é daquela cor, porque o seu pensamento racional chegou à essa conclusão, se não fosse assim, eu poderia muito bem dizer que ela é vermelha, ou até mesmo azul
-Não tem como dizer que é outra cor, eu sei que é verde, olha só
-Mas pense bem, se eu fosse uma pessoa daltônica, e enxergasse em preto e branco, como você explicaria pra mim que de fato a cor verde existe?
-Hmm, pensando bem, a gente só consegue fazer uma afirmação se a gente através dos sentidos, criar uma percepção sobre aquilo. Mas se você tem pra você que a cor verde é invenção minha, então a vida é moldada a partir das suas próprias conclusões, não se pode colocar uma verdade absoluta de fato...
-Realmente, se parar pra pensar, a vida de cada um é moldada pelas suas próprias percepções e experiencias, o uso da razão é só uma simples ferramenta pra chegar à uma conclusão, isso me lembra um pouco aquela alegoria da caverna...
-É interessante pensar que milhares de anos atras, duas pessoas como a gente tiveram essa mesma discussão
-Se pensar bem, a tentativa de criar uma forma universal de analisar o universo e de ensinar a forma certa de pensar, ignora toda a experiência individual de cada um e leva cada vez mais pessoas a se distanciar da beleza da vida...
-Apesar do racionalismo tentar trazer uma maneira de deixar as pessoas menos burras, ele acaba criando um paradoxo, quanto mais ele é visto como uma forma universal de educação, cada vez mais pessoas ignorantes são criadas, que não respeitam as crenças individuais de cada um
-É verdade, se cada ponto de vista individual fosse respeitado, a gente teria pessoas mais autônomas e originais, não esse bando de ignorantes, tantas pessoas iguais nesse admirável mundo, todas uniformizadas
Depois de uma longa discussão, cada um percebeu como o mundo fica cada vez mais ignorante à medida que as pessoas não respeitam as vivências individuais, o que aos poucos vai destruindo as sociedades e alienando todos a serem iguais.
Gabriel Ferreira - Noturno
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