A filosofia de René Descartes, apesar de, muitas vezes, se resumir
ao dizer “Penso, logo existo”, abrange muito mais que isso. Revolucionária para
o período em que Descartes vivia, deu início ao pensamento moderno ao
introduzir ideais de igualdade entre os homens e descartar quaisquer postulados
que não fossem originados exclusivamente da razão. Com isso, Descartes agravou
a dualidade razão/emoção, presente desde a Antiguidade nas discussões de cunho
filosófico-intelectual.
Para Descartes, a razão é algo que iguala os homens, pois
todos eles possuem capacidade racional, e, mais do que isso, deve ser usada por
todos, para que se faça jus ao privilégio humano de pensar. Segundo ele, para
se chegar ao conhecimento e à resolução de questões problemáticas, o homem deve
se abster de todas as influências subjetivas e de cunho passional.
A importância da filosofia cartesiana é sua aplicação na
realidade e não apenas sua discussão teórica. Na atualidade, Descartes
encontraria soluções relativamente rápidas para os temas que suscitam
discussões infinitas na sociedade, pois esta está sujeita a interferências
abominadas por ele: saber sobrenatural, sentimentos e, principalmente, a
religião. Um exemplo disso é o aborto. É quase impossível chegar a um consenso
quando metade da população vale-se da razão, assim como proposto por René, mas
a outra metade segue a emoção. A questão é que, em filosofia, não há como
estabelecer uma corrente de pensamento como a única correta e condenar todas as
demais, por isso a dificuldade de entrar em acordo em tais debates.
Ainda hoje, anos e anos depois de sua criação, o método
cartesiano causa espanto, porque as pessoas encontram demasiada dificuldade em
deixar suas concepções passionais em segundo plano e, dessa forma, perdurará
por muito tempo o entrave entre a razão e a emoção, o que prejudica e atrasa o
desenvolvimento da própria sociedade: levam-se décadas para resolver questões
ditas urgentes.
Maria Eduarda Tavares da Silveira Léo, primeiro ano de Direito diurno.
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