Descartes
no Mundo Onírico do Método Cartesiano
Era
um daqueles momentos únicos na vida de alguém. Todos olhavam para ele e ele
olhava para todos. Parecia que o mundo inteiro parou naqueles segundos, que
seriam os finais de sua vida. “Veritas filia temporis”, ele pensou. Um dia tudo
isso valeria a pena. Um dia ele seria visto como um visionário, um mártir, um
Deus na terra do conhecimento. E isso tudo o confortava.
O
inquisidor chegava com sua tocha. Seu destino acabaria ali em meio àquele
barulho de pessoas gritando seu nome com tanta voracidade e ódio que chegava a
ser ensurdecedor. Sua fogueira estava acesa e a vida ia se esvair aos poucos,
de forma lenta e sufocante. Tentava pensar que a dor não era importante, que os
outros estavam errados, que conseguiria materializar-se tal qual eram seus
pensamentos: tornar-se-ia luz ainda na terra.
Mas
o calor ia chegando, cada vez mais forte, cada vez mais cortante, cada vez mais
doloroso. Já não podia mais ignorá-lo, tinha vontade de gritar e gritou como
nunca antes em sua vida, era seu grito de liberdade. Libertar-se-ia desse mundo
em que a paixão vencia a razão. Seria só pensamento, seria a lógica posta. E
ainda naquele momento duvidava: o método estava correto, qual variável faltou?
Silêncio,
noite escura como ébano. Estava encharcado de suor, sentia-se perdido. Então
não era verdade? Não, não era verdade! Havia sonhado e que sonho horrível. Seu
maior pesadelo havia se tornado real nessa noite, o pesadelo que não poderia se
tornar real em seu destino. Balbuciou a última coisa que havia pensado em seu
sonho “o método estava correto, qual variável faltou?”. Isso tinha um
significado, era a racionalidade lhe apontando o que faltava para que sua obra
estivesse completa. Acharia a solução, o método era infalível. Não seria Galileu
afinal de contas, fugiria das acusações, não precisaria negar sua descoberta. E
ali, naquele momento, começou a escrever a quarta parte de seu discurso mais
famoso.
Larissa Lotufo- 1º ano-
Direito Noturno
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