Friedrich Engels, em sua obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, distingue essas duas vertentes (utópica e científica) do socialismo. Segundo esse
sociólogo, os defensores da primeira acreditavam que o socialismo
seria implantado como resultado de uma vontade. Já os adeptos da segunda, entre os quais o autor se encontrava, acreditavam que a implantação deste seria inevitável, pois chegaria um momento em que as
tensões entre burguesia e operariado se tornariam tão intensas, que
o proletariado iria se rebelar contra as enormes atrocidades
praticadas contra ele durante tanto tempo.
Ele
defende que o socialismo verdadeiro só poderia resultar de uma
análise profunda da realidade, que conseguisse, por meio da razão,
criar soluções práticas para a situação da época; e afirma que
os socialistas utópicos usavam como método a metafísica e não se
baseavam em uma análise da realidade. Como deixa claro em sua obra,
o socialismo utópico não tinha embasamento para mobilizar os
operários.
Houve
algumas tentativas de implantação do socialismo no mundo moderno,
dentre elas se destaca a que ocorreu na Rússia. Foi feita uma
revolução socialista nesse país e em seus vizinhos, o que os
transformou na URSS. Apesar de ter sido efetiva em alguns aspectos,
essa revolução não conseguiu atingir o que Engels propôs. Um dos
motivos claros de tal fracasso foi o fato de esse socialismo ter sido
implantado seguido do fim do feudalismo, sem que o capitalismo se
consolidasse efetivamente. Ou seja, pulou uma das etapas naturais
propostas por Engels em sua obra.
Se,
porventura, a revolução socialista tivesse ocorrido em um país que
estivesse em um estágio avançado do capitalismo e fosse detentor de
um grande poder econômico, como a Inglaterra na época, ela poderia
ter tido êxito, e o socialismo ter sido implantado. Contudo, não
é possível saber, os tempos mudaram e hoje não se vê mais uma
classe, como o proletariado da época, que tenha esse potencial de
revolução. Mesmo as classes contra as quais são praticadas enormes
injustiças não têm interesse em transformar o sistema vigente,
elas somente têm anseio por participar do lado privilegiado dele, do
lado rico.
Beatriz Mellin Campos Azevedo
1º ano - Direito Diurno
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