O capacho do capitalismo
El Empleo, uma
animação dirigida por Santiago Bou Grasso, é um curta-metragem de cerca de sete
minutos, que apesar da sua duração, arrebatou uma série de premiações ao redor
do mundo pela abordagem da relação homem x trabalho e a sua reificação.
As
cenas iniciais do filme em si são as mais bizarras e intrigantes possível. O
protagonista acorda de manhã e se prepara para a sua costumeira rotina do trabalho.
Um homem estranho é que sustenta seu espelho. Ao tomar café, outras pessoas são
suas cadeiras e sua mesa. Uma mulher é seu cabide e segura o
seu paletó e as suas chaves, antes de sair de casa. No ponto de ônibus o motorista o carrega nas
costas. O semáforo são duas pessoas que abrem seus casacos e aparecem camisas verdes
ou vermelhas. A porta automatizada da empresa são homens vestidos com roupas
escuras. O contrapeso do elevador é um homem obeso. E finalmente, quando o
protagonista iniciaria seu trabalho, o vemos deitado no chão por alguns
instantes na frente de uma porta. Logo mais chega um personagem e limpa seus
sapatos nele. O “Trabalho” dele era ser um tapete. Ele servia de um capacho
para seu chefe limpar os pés antes de entrar no escritório. Desse modo podemos analisar reflexivamente a angustiante realidade
de milhões de trabalhadores que se sujeitam a um trabalho, por muitas vezes
humilhante e degradante, em troca de um mísero salário. Quantos escravos cada homem possui para a realização das suas tarefas costumeiras?. Ao contrário do que
dizia Benjamin Franklin “o trabalho dignifica o homem”, o nascimento do modo de
produção capitalista foi o responsável pela criação de uma superestrutura
complexa capaz de servir de instrumento de tortura e de repressão. O trabalho cumpre,
infelizmente, muito bem tal instrumentalização.
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