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domingo, 5 de julho de 2015

A banalização do pensamento coletivo em prol do consumo exacerbado - uma análise da sociedade contemporânea pela ótica do materialismo histórico-dialético


“Os que no regime burguês trabalham não lucram, e os que lucram não trabalham”.
(Karl Marx e Friedrich Engels)

Karl Marx e Friederich Engels foram homens que viveram em uma época na qual o capitalismo florescia e se desenvolvia de forma ilimitada, era, no entanto, ainda possível sentir o fim de uma sociedade anterior marcada por relações sociais de produção nitidamente diferentes das relações capitalistas. Ambos, pode-se dizer, são filhos de uma época revolucionária: A Revolução Francesa, A Revolução Liberal de 1830, A Primavera dos Povos de 1848, A Guerra Civil Americana de 1865, A Revolução Mexicana e a Comuna de Paris de 1871 são exemplos claros de que a Revolução é um processo de autêntica transformação social, que, em regra, produz desenvolvimento. Tal concepção permeia toda a doutrina filosófica marxista, que parte do princípio de que a realidade existe independente da consciência e esta mesma é um fenômeno da realidade natural. Além de materialista, o marxismo - de forma a aprender a realidade de forma plena - faz alusão à necessidade de historicizar tanto a consciência quanto a realidade concreta, sendo chamado assim de materialismo histórico-dialético. 
A extensão da teoria de Marx e Engels é imensurável e muito atual. Adotando a perspectiva marxista, torna-se mais simples a compreensão de diversos fatores da sociedade do século XXI, como a banalização do pensamento coletivo e o abandono do exercício intelectual em níveis assustadoramente grandes na contemporaneidade. A proposta deste texto é justamente analisar a cultura do individualismo na sociedade capitalista atual. Explica-se: numa sociedade em que o valor de uma etiqueta supera o de uma ideia, são poucos os que buscam compreender de fato as raízes do consumo exacerbado que se fez base e ergueu a civilização contemporânea. Afinal, por que consumimos tanto e interiorizamos esse costume?  O motivo disso reside numa análise mais profunda do sistema capitalista através da história e da mentalidade do homem atual, tendo como bases o rigor histórico-crítico e a dialética. 
Com o fim do Medievo e o povoamento dos centros urbanos, temos o crescimento da sociedade burguesa, que ascende através do comércio nas cidades e vai, aos poucos, ganhando influência na política. Aprimoram o liberalismo e, a partir da Revolução Industrial, tornam-se os banqueiros e poderosos industriais, permanecendo como a classe social dominante até hoje em dia. O mecanismo é simples: para manter-se no controle do sistema de produção capitalista, essa elite depende da constante compra e venda de mercadorias e, por isso, utiliza  dos meios de comunicação de massa (a televisão, internet, os jornais e etc.) para incitar o consumo por parte da grande parcela da população. Visando como finalidade última o lucro, o burguês busca estabelecer a máxima produção e venda de sua mercadoria (ou serviço prestado) num menor espaço de tempo; explorando, para tal finalidade, os seus empregados ao submetê-los à salários baixos que não correspondem com a grande quantidade de riqueza que produzem - têm-se aqui conceito da mais-valia
Edifica-se, então, a noção de descartabilidade das mercadorias - para obrigar a consumação incessante, produz-se artigos de baixa qualidade que precisam ser repostos com pouco tempo de uso. Não é de se espantar que isso reflita diretamente no comportamento e nos valores do consumidor, que passam a ter princípios morais e éticos igualmente descartáveis e frágeis, reforçando a futilidade nas relações sociais e o individualismo - trabalha-se para si, ganha-se para si e gasta-se consigo mesmo. É a estrutura do neo-liberalismo, portanto, que promove a coisificação do ser. Marx atribúi a esse fenômeno o nome de feitichismo da mercadoria - como reflexo da mercadoria que consome, imposta pela alta burguesia, o indivíduo transforma-se naquilo que usa, seu valor é o valor daquilo que compra e seu padrão de vida define sua aptidão para pertencer a grupos seletos e ser respeitado. Não sobra espaço para o exercício do pensamento - é preciso comprar. 

Gabriella Di Piero,
1º ano de Direito (diurno)


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