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sábado, 18 de julho de 2015

Marx e os MC's

Gostaria de fazer aqui uma breve reflexão sobre o manifesto comunista e realidade em que vivemos atualmente. Primeiramente busquemos compreender qual seria a ideia fundamental e diretriz do Manifesto, como Engels explica:

É que a produção econômica e a organização social que dela resulta necessariamente para cada época da história constituem a base da história política e intelectual dessa época; que, por conseguinte (desde a dissolução da antiga propriedade comum do solo), toda a história tem sido uma história de lutas de classes, de lutas entre classes exploradas e classes exploradoras, entre classes dirigidas e classes dirigentes, nos diversos estádios da evolução social; mas que essa luta chegou presentemente a uma fase em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) não pode mais se libertar da classe que a explora e oprime (a burguesia), sem libertar, ao mesmo tempo e para todo o sempre, da exploração, opressão e lutas de classes, a sociedade inteira.

A ideia que se destaca é a de que existe desde o início da civilização humana a luta de classes. Assim sendo:

os comunistas apóiam por toda parte qualquer movimento revolucionário contra o estado social e político existente. Em todos esses movimentos, situam no primeiro plano, como questão fundamental, a questão da propriedade... Enfim, os comunistas trabalham, por toda parte, para a união e entendimento dos partidos democráticos de todos os países.

Tendo em vista conceitos básicos do manifesto comunista, quero agora usar o funk ostentação para falar da sociedade atual. É óbvio que essas músicas fazem sucesso apenas com um determinado grupo da sociedade, mas nesse grupo encontram-se muitos daqueles que formam a camada mais explorada da sociedade.
Comecemos com MC Guimê:


Contando os plaque de 100, dentro de um Citroën,
Ai nois convida, porque sabe que elas vêm.
De transporte nois tá bem, de Hornet ou 1100,
Kawasaky,tem Bandit, RR tem também. (2x)

A noite chegou, e nois partiu pro Baile funk,
E como de costume, toca a nave no rasante
De Sonata, de Azera, as mais gata sempre pira
Com os brilho das jóias no corpo de longe elas mira,
Da até piripaque do Chaves onde nois por perto passa,
Onde tem fervo tem nois, onde tem fogo há fumaça.

Percebemos em seu discurso o quanto seus valores estão ligados ao capital e ao hedonismo, sua motivação é o consumo. Como artista ele acaba por transmitir essa mensagem para seus fãs, que por sua vez propagam esse disicurso alienado.
Chamo atenção agora para o sucesso de MC Gui - Sonhar:


Sonhar, nunca desistir
Ter fé, pois fácil não é e nem vai ser
Tentar até se esgotar suas forças
Se hoje eu tenho quero dividir
Ostentar pra esperança levar

Aqui temos sutilmente inserido o discurso da meritocracia, encarado como a única possibilidade de viver que não esteja ligado ao crime. Assim como a religião (fé), o trabalho é valorizado. E é claro, temos a peróla: "Ostentar pra esperança levar" Não estou certo de que o autor dessa letra possua total consciência do que essa afirmação significa, mas analisando-a temo que estejamos diante do ápice do que as elites gostariam que fosse propagado ao proletariado. Se a teoria de Marx está certa, fazer o proletariado defender o capital dessa maneira é certamente a melhor maneira de manter o sistema como está.
Naturalmente, alguma reação deveria aparecer. Temos então Edu Krieger com Resposta ao Funk Ostentação:


Você ostenta o que não tem
Pra tentar parecer mais feliz
Mas não sabe que pra ser alguém
Tem que agir ao contrário do que você diz
Você pensa que tem liberdade
Exibindo riqueza e poder
Mas não vê que na realidade
O sistema é que lucra usando você

E o sistema tem a cor
Do racismo e da escravidão
Cada vez que você dá valor
À roupinha de marca e à ostentação
A elite burguesa e branca
Que ê dona das lojas de grife
Se dá bem, pois você bota banca
Mas ê o sistema que aumenta o cacife

Se percebe na letra de Krieger uma forte influência marxista, demonstrando a noção de classes e da exploração. Como bom comunista, convoca a classe explorada a se rebelar contra o sistema.

Jansen R. Fernandes
1 Direito Diurno

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