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sábado, 24 de janeiro de 2015

  O capitalismo já está tão enraizado no atual momento da nossa sociedade que desde cedo é criado a consciência dos jovens que para ser realizado financeiramente, e consequentemente emocionalmente, devem entrar em uma boa faculdade e conseguir um ótimo emprego, de preferência aqueles que têm mais status no ambiente de trabalho. Conclusão essa que Boaventura já traz em seus textos, de que tudo se locomove pelo dinheiro, e esse é o novo "girar" do mundo contemporâneo, em um fascismo social em que somos comandados, este  propaga uma homogeneidade para continuar com os padrões de consumo.
          Acontece que mesmo com o fascismo social postulando seus valores, a maioria não encontra meios de realiza-los, e acabam utilizando de meios ilegítimos para alcança-los, como o roubo. Essa questão de falta de oportunidades para se alcançar aquilo que propaga o fascismo social é percebida quanto as oportunidades que os alunos de escolas públicas, que por conta do sistema precário da educação brasileira não tem as mesmas chances de competir igualmente pelas vagas nas faculdades públicas.
          Medidas afirmativas, ou seja temporárias até que o problema seja sancionado, como as cotas foram feitas para fazer do vestibular algo mais justo, pois é fácil ter o discurso baseado na meritocracia quando os degraus para a conquista da vaga foram cursos de inglês, aulas particulares, cursos de redação e etc. O caso de cotas na UnB causou grandes polêmicas ao iniciar com cotas para negros, o partido Democratas entrou como um pedido de arguição de descumprimento de preceito fundamental, com argumentos baseados que ao inciarem com as cotas aconteceria um racismo, e de que estas feriam o princípio da dignidade da pessoa humana, entre outros para impedirem o uso das cotas.
          O problema está na chaga da história brasileira, décadas de escravidão, e é surreal imaginar que ao fim desta tudo foi "normalizado" para os negros, estes ainda são a parcela mais pobre da população. Essa medida é necessária para que se iguale o nível de educação da população brasileira, para que o negro não seja o primeiro a ser revistado em casos de suspeita de assalto, para que em papéis em novelas brancos também sejam empregados domésticos e não só os negros, para que exista um Brasil de igualdade. Independente das formas utilizadas para a distinção da cor, a UnB trouxe um pouco de esperança, o choque foi maior pois em Brasília está o maior caso de fascismo do apartheid social do Brasil, lá quem tem dinheiro vive no Distrito Federal, quem não vai morar na Candangolândia logo ali. Uma faculdade que foi construída para abrigar filhos de pessoas importantes, seria um absurdo para essa elite ter que estar na mesma sala de aula do filho de sua empregada.
         Boaventura termina dizendo que o direito não pode ser emancipatório, e nem não emancipatório. Mas ao meu ver não tem como ser mais emancipatório do que quebrar com a regra da elite intelectual brasileira, uma elite de escolas particulares, e de cursos de inglês.
       
Gabriella Akemi Kimura1°ano Direito- noturno

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