Émile
Durkheim, francês que viveu entre os Séculos XIX e XX, desenvolveu
sua pesquisa e estudos na área social, tendo constituído sua
sociologia em métodos científicos.
Em
sua obra “Divisão do Trabalho Social”, busca explanar e
conceituar a sociedade coesa, admitindo a necessidade de uma
consonância entre os homens, o que denomina “Solidariedade”. Tal
termo pode se apresentar sob duas formas, a “mecânica” e a
“orgânica” – sendo a primeira comum aos agrupamentos arcaicos,
aos clãs ou tribos; e a segunda, às modernas civilizações, como
as sociedades que se fomentam pelo capital.
A
Solidariedade Orgânica se contrapõe à Mecânica por representar
grupos com ideologias diversas, crenças e “divisões de trabalho”
variadas, e justamente devido a isso não deverão ser estas as bases
da coesão, mas as regras de conduta, o Direito.
Já
em seu texto “As Regras do Método Sociológico”, discute o que
chamou de “Fato Social”, diferenciando-o de muitos fenômenos de
outras naturezas que ocorrem nas sociedades. Os grandes sistemas
segundos os quais vivemos – a língua, a moeda, a profissão –
são independentes aos homens, ou seja, existem “fora da
consciência individual”, “exteriores”, e está aí uma das
características marcantes do Fato Social.
Segundo
Durkheim, muitas vezes tais fatos passam despercebidos pelos homens,
apenas sendo reconhecido seu poder coercitivo quando ocorre uma
transgressão dos valores por aqueles impostos. Por outro lado,
pode-se nunca sentir a força do fato, que após certo tempo de
prática se torna hábito, perdendo sua utilidade. Isso ocorre com a
moral, a política, etc., e usa-se a metáfora do “coração
batendo” para elucidar como o ato não resulta de uma concordância
espontânea, mas de uma mesma força que os coage.
Ao
fim de seu Capítulo I, o autor resume o conceito do Fato Social como
“toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na
extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência
própria, independente das manifestações individuais que possa
ter”.
Dessa forma, citamos a Criminalidade como mais do que individual, mas social, pois se relaciona ao agente, à vítima, a quem o ato circunda e todos os órgãos responsáveis por julgar tal situação, ou seja, os componentes todos de uma sociedade contemporânea. Em Durkheim, podemos inclusive relacionar as formas com que se lida com a criminalidade brasileira atual com traços da Solidariedade Mecânica, que agrupa todos os homens e espera destes o mesmo comportamento, e a resposta que muitos indivíduos dão aos agentes do crime é, senão igual, minimamente parecida, por julgar todos os tipos de criminosos como "irreparáveis", negando as formas alternativas de reabilitação e reinserção.
O caso contrário é visto e comprovado em alguns países, como a Suécia, onde já foram fechadas quatro penitenciárias por falta de, bem, prisioneiros. O choque está justamente em comparar o Brasil - com superlotação carcerária e praticante das formas clássicas de punição e posterior déficit de integração social do preso - à Suécia, que hoje é uma das nações com menos presídios e menos reincidência criminal. Como a própria reportagem da revista Carta afirma, "acreditar que não há ligação entre a questão social e o número de presos em um país é acreditar que há pessoas mais propensas para o mal. Ou que quem nasce abaixo da linha do Equador é mais malandro ou algo que o valha", pensamento incutido por muitos grupos ideológicos de nossa cultura, e que parece nos estar guiando a um fim bastante parecido com o que estes mesmos "tentam prevenir".
O caso contrário é visto e comprovado em alguns países, como a Suécia, onde já foram fechadas quatro penitenciárias por falta de, bem, prisioneiros. O choque está justamente em comparar o Brasil - com superlotação carcerária e praticante das formas clássicas de punição e posterior déficit de integração social do preso - à Suécia, que hoje é uma das nações com menos presídios e menos reincidência criminal. Como a própria reportagem da revista Carta afirma, "acreditar que não há ligação entre a questão social e o número de presos em um país é acreditar que há pessoas mais propensas para o mal. Ou que quem nasce abaixo da linha do Equador é mais malandro ou algo que o valha", pensamento incutido por muitos grupos ideológicos de nossa cultura, e que parece nos estar guiando a um fim bastante parecido com o que estes mesmos "tentam prevenir".
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