Setembro
de 1792, França. A revolta popular pelo fim da monarquia alcança o
seu objetivo e a monarquia cai. A passionalidade do povo é tão
forte que em 1793 uma personalidade morre, Maria Antonieta é
guilhotinada em praça pública. Uma pessoa frívola, cuja vida
boemia não a fazia pensar no bem estar do seus súditos. Condenada a
morte, o direito penal da época se mostra ríspido, com aqueles que
atentaram contra o povo.
Esse
direito penal sem misericórdia ainda se mantem no coração da
sociedade. A ideia de corrupção, ou crimes contra a moral, ateiam
fogo nas pessoas que cultivam uma raiva, uma vontade de punição. O
direito se mantém o mesmo, a sua eficácia que foi abrandada. A
sociedade orgânica, na qual o diferente é parte essencial, chega
com esse abrandamento. A individualidade de cada um, suas
especialidades, ideias e trabalhos se tornam fundamentais para o
funcionamento do coletivo; um completa o outro.
Durkheim,
olha esse passado mecânico e teoriza o orgânico para o futuro como
uma evolução da sociedade, sem se dar conta que a passionalidade
não iria sumir, do contrário, tomaria proporções imensas, a ponto
de expulsar mulheres com vestidos curtos, ao som de vais e palavras
chulas de locais comuns. Chega-se a um ponto em que devemos tomar
cuidado de como nos expressamos, pois qualquer ideia diferente do que
o senso comum dita, não é abraçada pela sociedade mecanizada, que
já arma guilhotinas e grita ordens de “cortem-lhe a cabeça”.
Murilo Martins
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