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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Arquitetura Hostil e Justiça Social: Uma Perspectiva Material-Histórica para Cidades Mais Humanas

 O materialismo histórico proposto por Karl Marx e Friedrich Engels revolucionou a forma de interpretar a realidade social. Enquanto anteriormente o idealismo hegeliano predominava na filosofia alemã, Marx abre os olhos de uma sociedade cega pelo metafísico. Segundo Hegel, “o espírito é o motor da história e da sociedade”. Em contrapartida, Marx firma algo concreto argumentando que as relações humanas ao longo da história são movidas pelos vínculos de produção e pelas condições materiais que os seres humanos estão expostos. Essa ruptura inovadora de Marx é utilizada na atualidade nos estudos das ciências sociais, com o objetivo de interpretar a realidade de forma concreta.

Nas metrópoles brasileiras, um grave problema em pauta é a população em situação de rua, que têm gerado debates éticos sobre quais medidas devem ser adotadas para solução da problemática. Portanto, torna-se imperiosa uma análise crítica da conjuntura social, com base no cenário retratado tendo por base a corrente marxista, dando um olhar de profundidade científica aos fatos históricos-sociais.

Inicialmente, nota-se o emprego da arquitetura hostil nas grandes cidades nacionais. O termo arquitetura hostil foi criado pelo jornalista Ben Quinn, ele descreve como estratégias de design urbano que utilizam elementos físicos para dificultar o acesso e a permanência de pessoas em espaços públicos, por exemplo, bancos desconfortáveis, lanças em muretas, traves metálicas nas portas dos comércios e entre outras práticas que inferiorizam a essência humana a fim de promover uma “higienização” dos centros urbanos.

Utilizando-se do método de Marx e Engels para analisar a situação anteriormente citada, pode-se salientar que, o espaço urbano, no marxismo, não é neutro — ele é construído de acordo com as necessidades do capital.  A arquitetura hostil mostra como a cidade é planejada para proteger os interesses da classe dominante, especialmente na valorização do solo urbano e expulsão de indesejáveis dos centros de consumo.

Com isso, torna-se necessário promover a humanização político-social com intuito de legitimar leis que proteja a população de rua inserida no contexto de vulnerabilidade. Referente ao exposto, em 2022 foi aprovada A Lei Padre Júlio Lancellotti, que proíbe justamente, o uso da arquitetura hostil nos espaços públicos, sendo assim, um grande avanço para o combate das desigualdades presentes nas metrópoles brasileiras.

Conclui-se, portanto, a imperiosidade de analisar a sociedade de forma material-histórica a fim de construir cidades mais justas e igualitárias, evitando através de leis, práticas segregarias como a arquitetura hostil.


Demetrius Silva Barbosa, Matutino.

 

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