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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Uberização e precarização do trabalho: um olhar marxista sobre a nova face da exploração

        Karl Marx (1818-1883) foi um pensador, economista e sociólogo da Alemanha, cuja obra teve um impacto profundo nas ideias sociais e políticas. Em colaboração com Friedrich Engels, ele formulou o socialismo científico, uma teoria que critica o capitalismo ao examinar suas contradições através do materialismo histórico e dialético.

        Entre suas principais inovações estão a teoria da luta de classes, a análise da propriedade privada dos meios de produção, e o conceito de mais-valia, que descreve como o capital explora a força de trabalho. Marx previu que o capitalismo, ao provocar tensões internas e crises recorrentes, resultaria na conscientização da classe operária e sua organização para derrubar o sistema via uma revolução proletária, levando a uma sociedade sem classes e sem governo, o comunismo.

        A desregulamentação do trabalho e a economia colaborativa são aspectos que se encaixam nesta análise marxista como manifestações modernas da lógica capitalista de acúmulo. A precarização, vista como a diminuição de direitos, a informalidade e a instabilidade no emprego, mostra a urgência do capital em adaptar a força de trabalho com o intuito de diminuir despesas e aumentar lucros. Marx já havia percebido que o capitalismo gera um excedente relativo de mão de obra, que é utilizado para controlar a classe trabalhadora e aumentar a exploração.

        A uberização, por sua vez, representa uma nova forma dessa precarização, na qual o trabalhador opera como um prestador de serviços autônomo em plataformas online, sem uma relação de emprego tradicional e sem proteções legais. Esse modelo transfere ao trabalhador os riscos e despesas da atividade, enquanto o capital obtém mais-valia de maneira aumentada e sem regulamentação. Dessa forma, a uberização divide a classe trabalhadora, tornando difícil a sua organização coletiva e intensificando a exploração, configurando uma adaptação do capitalismo às mudanças tecnológicas e políticas contemporâneas.

        Do ponto de vista marxista, essas situações revelam a contradição fundamental do capitalismo: a incessante busca por acumulação de capital, que, ao mesmo tempo em que depende do trabalho humano, leva à sua degradação e fragilidade. A análise crítica marxista ajuda a entender que a precarização e a uberização não são meros eventos acidentais, mas sim táticas estruturais para sustentar a dinâmica capitalista, enfatizando a necessidade de ações legais e políticas que salvaguardem os direitos dos trabalhadores na era digital.

Maria Eduarda Siqueira Alves dos Santos - Direito - 1° ano - Matutino 

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