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segunda-feira, 9 de maio de 2022

O positivismo, a ditadura. Seus ditadores e apoiadores.

 

O positivismo existe no Brasil, não só nos convívios diários da sociedade, como também nas relações políticas mais formais, não é incomum debates na ALESP – por exemplo – em que alguns deputados se utilizam de ideais positivistas, e pior, argumentam usando o positivismo em sua forma moderna – um olhar superficial, que resolve o problema com uma praticidade inexistente -, dessa forma, assim que somadas a influência positivista e a dinâmica histórica que deu-se a ditadura militar no Brasil, um sistema que foi quase isento de punições aos seus atos.

O Professor João Henrique Roriz, ministrou na Unesp, duas aulas magnas, baseadas em pesquisas realizadas pelo mesmo, pesquisas que englobam a ditadura militar brasileira e o seu funcionamento. Na aula nomeada "Os donos do silêncio - política externa do regime militar brasileiro e a Comissão de Direitos Humanos da ONU". O professor contou que procurou em diversos arquivos sobre a ditadura militar, inclusive, alguns arquivos de acesso mais restrito. Segundo ele, a impunidade que foi concedida aos governantes do país, dessa época, diferentemente do que aconteceu em outros países latinos em que foram instauradas ditaduras militares, só foi possível graças à eficiente política externa do governo brasileiro. É notório a efetividade dessa política externa, pois, um país com denúncias internacionais que o acusavam de ferir direitos humanos, consegue uma vaga na ONU, um país acusado passou a “julgar” denúncias contra a violação de direitos humanos.

Em nosso país, mesmo que não tenhamos visto pessoalmente alguém dizendo “Na época da ditadura era melhor” ou “Só era preso na ditadura quem era vagabundo, quem não seguia as leis”, posso afirmar com certa convicção, que a maioria dos brasileiros já tiveram contato com essas ideias, pela internet, por exemplo. E além disso, alguns brasileiros concordam em dizer que na época da ditadura, ao menos, o país estava avançando, e seguindo o caminho do progresso, enquanto nos dias de hoje, parece estar em constante decadência. Todas essas falas e ideias são ilustrações da presença de um positivismo moderno – uma modificação do positivismo original, o qual tem um texto nesse mesmo blog – e a união desse “pensar positivista” com a impunidade histórica dos responsáveis pela ditadura militar do Brasil é o que gera esse resultado em nosso país, uma grande parcela da população que não se importa ou não condena os atos desumanos que ocorreram naquela época, e pior ainda, gera indivíduos que apoiam, ou julgam os benefícios maiores que as atrocidades, isso é evidente, pois, como contou o professor João Henrique Roriz em sua aula magna, a historicidade vigente é a de que o Brasil, enquanto era governado por um política interna de repressão e violências, era contrariamente muito progressista em sua política internacional, chegando a integrar um órgão internacional que julgava violações aos direitos humanos, esse tipo de pensamento, que é o pensamento vigente no âmbito da educação, foi o que instigou o professor a fazer a sua pesquisa que evidenciou uma forte estratégia de política externa.

Rodrigo Gabriel L Zanuto - Noturno

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