O positivismo existe no
Brasil, não só nos convívios diários da sociedade, como também nas relações políticas
mais formais, não é incomum debates na ALESP – por exemplo – em que alguns
deputados se utilizam de ideais positivistas, e pior, argumentam usando o positivismo
em sua forma moderna – um olhar superficial, que resolve o problema com uma
praticidade inexistente -, dessa forma, assim que somadas a influência
positivista e a dinâmica histórica que deu-se a ditadura militar no Brasil, um
sistema que foi quase isento de punições aos seus atos.
O Professor João Henrique
Roriz, ministrou na Unesp, duas aulas magnas, baseadas em pesquisas realizadas
pelo mesmo, pesquisas que englobam a ditadura militar brasileira e o seu
funcionamento. Na aula nomeada "Os donos do
silêncio - política externa do regime militar brasileiro e a Comissão de
Direitos Humanos da ONU". O professor contou que procurou em
diversos arquivos sobre a ditadura militar, inclusive, alguns arquivos de
acesso mais restrito. Segundo ele, a impunidade que foi concedida aos governantes
do país, dessa época, diferentemente do que aconteceu em outros países latinos
em que foram instauradas ditaduras militares, só foi possível graças à
eficiente política externa do governo brasileiro. É notório a efetividade dessa
política externa, pois, um país com denúncias internacionais que o acusavam de
ferir direitos humanos, consegue uma vaga na ONU, um país acusado passou a “julgar”
denúncias contra a violação de direitos humanos.
Em nosso
país, mesmo que não tenhamos visto pessoalmente alguém dizendo “Na época da
ditadura era melhor” ou “Só era preso na ditadura quem era vagabundo, quem não
seguia as leis”, posso afirmar com certa convicção, que a maioria dos
brasileiros já tiveram contato com essas ideias, pela internet, por exemplo. E
além disso, alguns brasileiros concordam em dizer que na época da ditadura, ao
menos, o país estava avançando, e seguindo o caminho do progresso, enquanto nos
dias de hoje, parece estar em constante decadência. Todas essas falas e ideias
são ilustrações da presença de um positivismo moderno – uma modificação do
positivismo original, o qual tem um texto nesse mesmo blog – e a união desse “pensar
positivista” com a impunidade histórica dos responsáveis pela ditadura militar
do Brasil é o que gera esse resultado em nosso país, uma grande parcela da
população que não se importa ou não condena os atos desumanos que ocorreram
naquela época, e pior ainda, gera indivíduos que apoiam, ou julgam os benefícios
maiores que as atrocidades, isso é evidente, pois, como contou o professor João
Henrique Roriz em sua aula magna, a historicidade vigente é a de que o Brasil,
enquanto era governado por um política interna de repressão e violências, era
contrariamente muito progressista em sua política internacional, chegando a
integrar um órgão internacional que julgava violações aos direitos humanos,
esse tipo de pensamento, que é o pensamento vigente no âmbito da educação, foi
o que instigou o professor a fazer a sua pesquisa que evidenciou uma forte
estratégia de política externa.
Rodrigo Gabriel L Zanuto - Noturno
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