Quando se pensa nas teorias positivistas, focadas na ideia de “ordem e progresso”, empenhadas na suposta necessidade de conservar a estrutura de um Estado moralista e patriarcal, inicia-se um entendimento acerca da razão pela qual tantas pessoas – cidadãos comuns, sem qualquer traço aparente de maldade – apoiaram absurdos ocorridos no movimento autoritário militar que insurgiu em 1964, no Brasil.
O “plano Cohen”, por exemplo, apesar de
ocorrido quase 30 anos antes do golpe de 64, exemplifica bem o comportamento positivista
dos apoiadores de tais movimentos militares que, de alguma forma, perduram até
hoje (de forma muito explicita); o plano Cohen, consistido por um falso documento,
atribuído aos comunistas, que apresentava um plano de tomada de poder,
reestruturação do Estado e, consequentemente, destruição da ordem vigente, apresentou
grande potencial de mobilização. O documento, mesmo sem qualquer fundo de verdade,
fez com milhares de pessoas apoiassem a instauração da ditadura de Vargas com a
justificativa de manutenção da ordem.
Percebe-se, tanto na década de 30, quanto na
de 60 ou na atual década, que não há a necessidade de razões fundadas em argumentos
e cenários reais para que haja apoio a movimentos ditatoriais, basta apenas a
ideia de ameaça a uma suposta moral que deve ser mantida em conjunto com toda a
estrutura da sociedade. Basta a ideia de que uma reforma agrária realizará a tomada
das terras da população comum, a ideia de um “kit gay” que doutrina as crianças
ou qualquer outra história que, com uma observação minimamente aprofundada,
percebe-se irreal. Afinal, os apoiadores de tais regimes não observam sequer a
si mesmos, não entendem a razão pela qual ultrapassam a razoabilidade a fim de
defender uma estrutura que, por fim, acaba por os oprimir tanto quanto oprime
aqueles que são atacados como “subversivos”.
Patrícia André - 1° ano, noturno
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