É um fato que, desde o início das formações de reinos, houve sempre a tentativa de transformar a natureza humana em um protótipo único, que obedece as regras impostas e sempre está de acordo com o planejado. Com o surgimento do socialismo, houve a suscitação do tema igualdade social, em que partiam de premissas tais como acerca da renda, da meritocracia e condições de vida. Entretanto, por o mundo ser desigual por essência, uma transformação geral na sociedade seria fundamental para que este efeito se concretizasse, culminando, portanto, em diversas pesquisas envolta da questão de como chegar a plena igualdade humana. Neste ponto, um dos pensadores, podemos dizer, engenheiros sociais que comjecturaram sobre essa radical mudança necessária, foi Augusto Comte, um dos pioneiros no estudo das ciências sociais. Em um de seus livros, o sociólogo fala da seguinte forma:
" Sua rápida ascendência prática, reconhecida implicitamente por ambos os partidos ativos, constata cada vez mais, nas populações atuais, o amortecimento simultâneo das convicções e paixões anteriores, retrógradas ou críticas, gradualmente substituídas por um sentimento universal, real apesar de confuso, da necessidade e mesmo da possibilidade duma conciliação permanente entre o espírito de conservação e o espírito de melhoramento, igualmente apropriados ao estado normal da Humanidade. A tendência correspondente dos homens de Estado a impedir hoje, tanto quanto possível, todo grande movimento político encontra-se aliás espontaneamente conforme realmente instituições provisórias, enquanto uma verdadeira filosofia geral não vincular suficientemente as inteligências. Desconhecida pelos poderes atuais, essa resistência instintiva colabora para facilitar a verdadeira solução, ajudando a transformar uma estéril agitação política numa ativa progressão filosófica, de maneira a seguir, enfim, a marcha prescrita pela natureza, adequada à reorganização final, que deve primeiro ocorrer nas idéias para passar em seguida aos costumes e, finalmente, às instituições. Tal transformação, que já tende a predominar em França, deverá naturalmente desenvolver-se cada vez mais em toda parte, tendo em vista a necessidade crescente, em que se encontram colocados hoje nossos governos ocidentais, de manter a grandes custos a ordem material no meio da desordem intelectual e moral, necessidade que pouco a pouco deve absorver essencialmente seus esforços cotidianos, conduzindo-os a renunciar implicitamente a toda presidência séria da reorganização espiritual, cedida assim à livre atividade dos filósofos que se mostrarem dignos de dirigi-la. " ( Página 68, discurso sobre o espírito positivo)
A partir disso, a tentativa de igualar os seres humanos foi chamada " espírito positivo", em que, nas palavras de Comte " o homem propriamente dito não existe, existindo apenas a humanidade " ( página 77, Discurso sobre o espírito positivo ), usando, primeiramente, da economia e - após resultados fatais - a cultura como principal instrumento para tornar a teoria em realidade, .al movimento continua vorazmente em nossos tempos atuais, através de bandeiras das mais diversas, em nome de uma sociedade mais justa e livre, mas com fundamentos que não perpassam nem em justiça, muito menos na liberdade.
Em suma, apesar de a luta pela possível igualdade ser legítima - tal como quando falada perante a Lei, em que os fins devem ser justos para todos -, tentar tornar toda população mundial em um único padrão é caminhar a passos largos para uma escravidão gradativa. Ditar letras como um ideal a seguir, explicitadas, ainda mais, por pensadores tão humanos como nós, pode ser perigoso e levar um povo inteiro à destruição. É necessário, portanto, sempre caminharmos em direção ao progresso, com coesão e respeito, sem necessariamente o coletivismo obscuro esconder a unicidade de cada um.
Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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