O filósofo Auguste
Comte foi um dos principais teóricos do Positivismo. Tal doutrina buscava sistematizar
um conhecimento referente ao domínio do mundo social, analisando racionalmente as
vinculações entre os fenômenos presentes na sociedade, ao invés de buscar a origem
e a essência das coisas por meio de uma análise teológica e metafísica. A
filosofia positivista pretendia racionalizar a moral e constituir um mundo
guiado pela razão, progresso e ordem. Deste Modo, o positivismo se caracterizou
como um meio termo entre o conservadorismo e os revolucionarismos de sua época.
Mesmo assim, em uma análise socioeconômica e não puramente ideológica e comparativa
com ideais antecessores, a ideia positivista se mostrou uma ferramenta de manutenção
do Status quo burguês perante o possível espírito de indignação proletário.
Em
primeiro plano, o Positivismo ao destacar o coletivo sobre o individual e a
ideia de felicidade como um bem público materializava uma engrenagem que acabou recebendo o nome de solidariedade.
Segundo Comte, todos os homens tinham que cumprir funções determinadas pela
moral, visando a harmonia social. Não havia mais a figura do homem em si, mas
sim um corpo social chamado de humanidade, visto que todo o desenvolvimento
emana da sociedade. Além disso, a felicidade deixava de ter sua busca
relacionada aos objetivos individuais e pessoais característicos de um viés cristão e passava a ter compromisso
com o o meio social. Tais características, formaram a ideia da solidariedade
positivista, onde ser solidário não tinha relação com a vida
privada mas com a manutenção de um bem maior, denominado de sociedade. Com
isto, os principais sistemas que aplicaram ideais positivistas, principalmente
capitalistas, viram a solidariedade como um mecanismo essencial nas relações de
trabalho.
Como consequência, o trabalho figurou-se como a expressão máxima da solidariedade.
Tal conjuntura permitiu que a classe burguesa, detentora do poder econômico e
político formulasse um método de manutenção de seus privilégios contra umas possível
revolução proletária, dado que para a filosofia Positiva e a sua
solidariedade a aceitação dos lugares sociais e papeis definidos ( quase como
uma sociedade estamental hierarquicamente rígida ) é eixo central para a
harmonia social, criando-se um falso discurso de que todos os trabalhos são
dignos e contribuindo para uma estrutura alienativa e sem consciência de classe
por parte dos trabalhadores. Ademais, o Positivismo também retira a ideia de
participação do poder político para a classe trabalhadora, acreditando que o
poder moral é muito mais importante. Assim, em uma sociedade onde o meio político , econômico , social e intelectual é peça chave para o modo e qualidade
de vida, a moral ganha enfoque, mostrando que para o positivismo pouco se
interessa a capacidade reflexiva e social de seu trabalhador, mas o seu
trabalho prático e a sua faculdade de se encaixar na engrenagem sistematizada
do meio social.
Em síntese, conclui-se que a filosofia Positiva tem grande importância ao ser uma das primeiras correntes de pensamento a analisar a sociedade de maneira racional. No entanto, esta mostra-se perigosa quando aplicada em Estados capitalistas, dado a sua natureza alienativa, quase estamental e falta de poder político para o proletário, justificados pela solidariedade.
João Felipe Schiabel Geraldini. Direito noturno. 1 ano.
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