Não é difícil de se interpretar o Brasil.
Difícil é o fazer sem enlouquecer.
Manter os olhos fechados é mais fácil
do que ver tanta gente morrer.
E essa gente que morre
tem cor e classe definidas.
Uns acometidos pela fome
e os outros: o fuzil ceifa a vida.
Em meio a esse genocídio,
o cristão piedoso é quem aperta o gatilho.
Enquanto o presidente grita:
“Troquem o feijão pelo fuzil”.
E na Igreja se ouve:
“Devemos armar uns aos outros”.
Assim, devemos ter liberdade para nos armar,
mas nunca para nos amar.
Porque “Deus criou Adão e Eva”
e “aberrações” devem queimar.
Ainda falando em liberdade,
no Brasil é seletiva.
Liberdade para matar “vagabundo”.
Mas e o aborto? “Aborto não! Eu sou pró-vida”.
Desse modo se dá o controle dos corpos e das mentes.
Seja dos corpos que caem ao chão
ou dos que não se rendem à tentação da serpente.
Sempre obedecendo o patrão
Uma figura que se assemelha a esse tal de Deus:
homem cis hétero, branco e com muito, muito poder.
O Estado, o mercado e a Igreja andam de mãos dadas
para edificar o trabalhador perfeito,
mergulhado em ilusões meritocratas
ele faz tudo bem feito.
Ele se posiciona em favor de moral e bons costumes,
forjados pela burguesia, que os vê como estrume.
Então o país é desgovernado
por um vírus sem vacina,
de economia liberal e moral conservadora.
Para liberar a exploração e conservar a chacina.
Caroline Migliato Cazzoli - Direito - Matutino - Turma XXXVIII
incrível <3
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