Boaventura de Souza Santos estabelece em seu texto reflexões
sobre a sociedade neoliberal em si e de que forma o direito se relaciona com
ela. Primeiramente Boaventura estabelece um panorama das prioridades do
Estado-neoliberal, isto é como a economia prevalece diante dos demais setores,
suprimindo discursos sociais sobre desigualdade socioeconômica, servindo de
argumento favorável à meritocracia. Este Estado econômico se afirma em uma
esfera global, com a relação de diversas nações em uma rede comum.
Tal aspecto da obra de Boaventura merece ser destacado quando
tratar-se de um assunto polêmico como as cotas para o ensino superior. Tal
medida é estabelecida pela Lei nº 12.711/2012, sancionada em agosto de 2012,
garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades
federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos
oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da
educação de jovens e adultos, levando em consideração critérios socioraciais. Os
demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência. Esse destaque se deve
a argumentação quanto à meritocracia.
As cotas são encaradas como medida paliativa que tenta
integrar de forma mais igualitária pessoas marcadas pela desigualdade social
histórica, inúmeras vezes relacionadas à sua etnia, negros e pardos. Segundo
Boaventura, esta exclusão de negros e pardos, principalmente, da estrutura do
ensino superior se deve a um momento chamado de pré-contratualista, sendo que este grupo é
impedido de gozar dos mesmos direitos, como os ditos cidadãos, por exemplo o
amplo acesso a educação, assim as aspirações quanto a cidadania seriam irrealistas,
devido a condições como a carga histórica da escravidão.
A argumentação contraria as cotas de ingresso nas
universidades se baseia na chamada meritocracia. Tal argumento destaca o quanto
o aspecto econômico se sobrepõe aos demais na sociedade contemporânea, pois
afirma-se que além de todos terem o mesmo acesso ao ensino superior pelo
chamado vestibular, uma forma justa, o que é uma inverdade, os cotistas se
formariam profissionais piores, por não serem capacitados o suficiente para
ingressarem numa universidade através da ampla concorrência.Júlia Barbosa - 1º ano Direito Diurno
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