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domingo, 17 de abril de 2016

Muito mais que o lema de uma bandeira

     Augusto Comte foi o criador da sociologia e do positivismo. Sua corrente filosófica surge com a necessidade de uma ciência que compreendesse a sociedade como ela é. No positivismo cada indivíduo tem sua função na sociedade, sendo necessário manter a ordem para atingir o progresso. Comte fala em moral, como uma vigilância dos homens e mulheres sobre a própria humanidade, sendo a ordem uma consequência dessa moral e o trabalho seu eixo principal.
     No Brasil, percebemos a influência positivista claramente, uma vez que nossa bandeira traz o seguinte lema: “ordem e progresso”. Comte fazia a analogia da sociedade com o corpo humano, onde cada órgão tem sua função, cada indivíduo também possui um papel definido. Para o filósofo aquilo que esta “doente” tem que ser retirado, na mesma forma aquilo que é diferente, que atrapalha a ordem social deve ser retirado, ou seja, marginalizado, por isso aqueles que não querem estar no que seria seu lugar previamente definido, tem dificuldades para ocuparem outro lugar, sofrendo com o preconceito por exemplo. Notamos essa visão no Brasil atualmente, quando nos deparamos com pessoas que ainda acreditam que “lugar de mulher é na cozinha”, onde o branco se incomoda com a presença do negro no mesmo espaço, onde criam- se “muros” para separar pobres e ricos, seja um condomínio fechado ou um shopping center, e entre outros exemplos.
     Outra influência do positivismo extremamente presente em nossa sociedade hodierna é a ideia proposta por Comte de que trabalho é o meio para o indivíduo atingir a honra e ser digno. Já no Estado Novo de Vargas sabemos que aquele que não tivesse um trabalho era preso por “vadiagem”, o que levou o nome de lei da vadiagem; em “Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida, obra conhecida por retratar o Brasil como realmente é, conhecemos Leonardinho, que com seu “jeitinho brasileiro”, é considerado o primeiro malandro da literatura e um personagem que retrata o brasileiro, onde ao longo da trama Leonardinho é preso por não trabalhar. Além dos exemplos pretéritos, podemos exemplificar atualmente essa visão de trabalho como forma de atingir a honra com frases como “não trabalha porque não quer” e visões de que o desempregado é vagabundo, que ouvimos com frequência em nosso cotidiano.
     Em suma, o positivismo está intrínseco em nossa sociedade desde os anos passados até hoje e são vários os exemplos de sua influência.
Ana Paula Mittelmann Germer- 1º ano direito noturno

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