Na praça ele espera, desocupado com o mundo,
Enquanto na rua todos comentam: olha lá o vagabundo.
Espera pacientemente,
aproveitando o seu ócio
Mas ninguém o vê bem, pois não contribui para o negócio.
Dizem que ele deve almejar algo mais na vida,
Mas se esquecem que sua integridade já foi retida.
Retida desde o momento em que teve seu destino limitado
Por um sistema que há muito se tornou quadrado.
Hoje em dia, o importante é ter trabalho
Até se esse te fizer acordar antes mesmo do orvalho.
O positivismo nos fez isso e distorceu a dignidade
Que deixou de ser valor e se tornou mera vaidade.
Nesse espelho de Narciso, o outro perde valor
Vale até chamar a babá para carregar o meu sucessor
Afinal “qual é o
problema se sou eu quem está pagando?”
Nenhum, meu caro, mas a pergunta é: até quando?
Até quando respeitaremos tanto a estática
A ponto de resumir o homem a mera matemática.
Espero ainda ver um trabalhador que nos Comte:
“Ignorei a ordem a fim de ver o seu desmonte”.
E me valho agora de um poema de Drummond
Para lhes dizer que não há Inocentes do Leblon.
Executores de uma mera dominação animal
Que é feita dia a dia pelos “defensores da moral”.
Vítor Hugo Cordeiro Silva- aluno do 1º ano de Direito (diurno)
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